Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 8 de junho de 2018
A China vai impor medidas antidumping sobre a importação de frango brasileiro, por considerar que os seus produtores sofrem concorrência desleal do País, anunciou nesta sexta-feira (08) o Ministério do Comércio chinês.
As medidas, que entram em vigor a partir deste sábado (09), supõem que os importadores deverão pagar aos depósitos alfandegários chineses entre 18,8% e 38,4%, que é a faixa de “dumping” que as autoridades de Pequim calculam que têm as exportações brasileiras desse produto.
A investigação antidumping sobre as importações de carne de frango do Brasil foi anunciada em agosto do ano passado pela China, após reclamação da indústria doméstica de que o País estaria vendendo seu produto abaixo do valor de mercado, “danificando substancialmente” o setor chinês, segundo informou comunicado do governo do país asiático.
As medidas abrangem produtos fornecidos pelos principais exportadores brasileiros, JBS e BRF. O Brasil é o maior exportador de frango do mundo e a origem de mais de 50% das importações de carne de frango do país asiático. O Brasil substituiu os Estados Unidos como maior fornecedor de frango depois que a China adotou tarifas antidumping sobre os produtos de frango dos EUA em 2010. A medida anunciada pela China representa mais um forte golpe à indústria brasileira. Em abril, a União Europeia anunciou a proibição de 20 frigoríficos brasileiros de exportar frango para o bloco econômico.
Impactos no Brasil
O Brasil é o maior exportador de frango do mundo, e a União Europeia é o seu principal comprador. O bloco é responsável por 7,5% do frango vendido pelo país ao exterior, em toneladas, e 11% em receita, segundo dados da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).
O vice-presidente de Mercado da ABPA, Ricardo Santin, disse que a proibição terá impacto no mercado brasileiro. São esperadas as seguintes consequências: excesso de oferta de frango no Brasil e falta de produto na Europa; isso levará à queda de preço do frango no Brasil e alta na Europa; os frigoríficos vão tentar reduzir a produção já que não poderão exportar para a Europa. Muitos deles já deram férias coletivas aos funcionários e poderão demitir trabalhadores.
Desde a deflagração da operação Carne Fraca, em março do ano passado, a União Europeia reforçou as medidas sanitárias contra o Brasil. Com a deflagração de uma segunda fase da operação em março deste ano, a UE passou a avaliar a necessidade de novas medidas contra o frango brasileiro.
Na ocasião, a BRF foi acusada de fraudar laudos relacionados à presença de salmonela em alimentos para exportação em quatro unidades. Para mitigar o problema, o próprio governo brasileiro suspendeu provisoriamente a exportação de dez fábricas da BRF de frango para a Europa.