Terça-feira, 08 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 7 de abril de 2025
A embaixada da China nos Estados Unidos se utilizou nessa segunda-feira (7) de uma arma curiosa para criticar o tarifaço de Donald Trump: o republicano Ronald Reagan, 40º presidente dos EUA. No X, antigo Twitter, a embaixada chinesa publicou um vídeo de Reagan, com a legenda: “Discurso de 1987 ganha nova relevância em 2025”. Na declaração, ele criticava o que definiu como “legislação protecionista que destrói a prosperidade” e políticos que atendem a apelos “de curto prazo a algum grupo de interesse específico”.
“Veja, a princípio, quando alguém diz ‘vamos impor tarifas sobre as importações estrangeiras’, parece que estão fazendo algo patriótico ao proteger os produtos e empregos americanos. E, às vezes, por um curto período, isso funciona. Mas só por um tempo curto”, diz Reagan.
Ele, então, completa: “O que eventualmente ocorre é: primeiro, as indústrias locais começam a depender da proteção do governo na forma de altas tarifas. Elas param de competir e deixam de fazer as mudanças inovadoras em gestão e tecnologia que precisam para ter sucesso nos mercados globais. E então, enquanto tudo isso está acontecendo, algo ainda pior ocorre”.
Reagan, então, afirma que “tarifas altas inevitavelmente levam à retaliação por parte de países estrangeiros e ao início de guerras comerciais intensas”, cujo “resultado são mais e mais tarifas, barreiras comerciais cada vez mais altas e menos e menos concorrência”.
Em seguida, segundo ele, o cenário se agrava ainda mais: “Por causa dos preços artificialmente altos devido às tarifas, que subsidiam a ineficiência e a má gestão, as pessoas param de comprar”.
Resposta chinesa
Um dia após o tarifaço, a China instou os EUA a desistir de impor taxas de 54% sobre os produtos do país. Segundo o Ministério do Comércio chinês, a decisão americana rompe com anos de negociações voltadas para o equilíbrio comercial entre as duas nações.
“A China se opõe firmemente a isso e tomará contramedidas para proteger seus próprios direitos e interesses”, disse o ministério chinês. “Os Estados Unidos estabeleceram as chamadas ‘tarifas recíprocas’ com base em avaliações subjetivas e unilaterais, o que é inconsistente com as regras do comércio internacional e prejudica seriamente os direitos e interesses legítimos das partes relevantes.”
Além disso, a pasta criticou a medida, que é uma peça central no esforço de Trump para reformular as regras do comércio internacional, como “prática típica de intimidação unilateral”, ao mesmo tempo que pediu aos EUA que cancelassem as tarifas e “resolvessem adequadamente as diferenças com seus parceiros comerciais por meio de um diálogo igualitário”.
Pequim entrou no centro das tarifas impostas por Washington. Trump anunciou que a China será alvo de novos impostos de 34%, além dos 20% divulgados no início do ano, quando o republicano voltou à Casa Branca. Em campanha, ele havia prometido que o gigante asiático seria taxado em 60%. O tarifaço entrará em vigor em 9 de abril, mas exportadores chineses enfrentarão uma tarifa básica de 10% a partir de sábado.
No anúncio, marcado por um discurso de mais de uma hora, Trump afirmou que tinha “grande respeito pelo presidente Xi (Jinping), da China, grande respeito pela China”, mas alegou que o país estava “tirando uma tremenda vantagem” dos EUA. Em seguida, ele destacou que os chineses “entendem exatamente o que está acontecendo, e eles vão lutar”.
Em resposta, o Ministério das Finanças chinês comunicou que passará a cobrar tarifas adicionais de 34% sobre todas as mercadorias americanas a partir da próxima quinta-feira, 10 de abril. A pasta do Comércio também anunciou uma série de novas restrições sobre exportações chinesas aos Estados Unidos de metais críticos encontrados em terras raras, incluindo samário, gadolínio, térbio, disprósio, lutécio, escândio e ítrio, com efeito imediato. As informações são da revista Veja.