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Choro, ligações e corrida para avisar polícia: como foram os momentos no hospital após equipe descobrir estupro em cesariana

Médico anestesista virou réu pelo crime de estupro de vulnerável durante parto em hospital no Rio de Janeiro. (Foto: Reprodução)

A prisão do anestesista Giovanni Quintella Bezerra só aconteceu depois que uma equipe de enfermeiras desconfiou do comportamento do médico durante os dois primeiros partos em que esteve presente e decidiu filmar o terceiro. Bezerra foi flagrado pela equipe do plantão de enfermagem, que se organizou para descobrir exatamente o que estava acontecendo e produzir provas.

Os depoimentos à Polícia estabeleceram uma linha de tempo do caso. Só no dia em que foi flagrado estuprando uma paciente durante o parto, ele participou de três cesarianas.

Em um deles, uma mulher que passou pela primeira cirurgia de cesárea com o anestesista naquele dia conta que seu roupão caiu e ela percebeu que o anestesista tinha olhado para seus seios e em seguida perguntado se ela estava com frio. “A mulher acredita que o enfermeiro também tenha notado, porque pegou o roupão e jogou nos ombros dela”, diz o documento.

Os depoimentos também relatam anestesias muito mais fortes do que o comum. Uma das enfermeiras que prestaram depoimento conta que questionou Giovanni Bezerra sobre a sedação, e que ouviu de volta: ‘Por quê? Você também quer?’.

Outra enfermeira disse à Polícia Civil que o anestesista estava em pé perto da cabeça da vítima com o pênis ereto, e que Giovanni Bezerra na mesma hora fechou o capote. Após os dois partos, a equipe do plantão de enfermagem se organizou para descobrir exatamente o que estava acontecendo e produzir provas.

O vídeo inteiro que mostra o médico estuprando a paciente tem uma hora e meia de duração, e só foi visto pelos enfermeiros quando terminou a cirurgia. O crime aconteceu já no fim da operação, com o acompanhante já fora da sala de parto e a equipe médica ocupada com os procedimentos finais. Era a primeira vez que aquela equipe médica trabalhava com Giovanni.

A gerente de enfermagem Maria Aparecida de Lima estava de folga, quando soube do crime pelo telefone. “Quem entrou em contato, no primeiro momento, foi a coordenadora. E a partir daí, eu entro em contato com o diretor-geral e mandei o vídeo para o diretor-geral. A equipe chora copiosamente”, contou a chefe do grupo que gravou o estupro.

O diretor-geral do hospital, Abraão Ricardo Viana, ligou então para o diretor-executivo da Fundação Saúde, João Ricardo da Silva Piloto.

“Olha, tem um vídeo. É muito grave. Então, me passa o vídeo. Eu estava indo pro meu apartamento, estava dentro do túnel. Quando eu saí do túnel, entraram as imagens. A gente tem que agir. Agir agora”, conta.

Começou então uma corrida para avisar a polícia ao mesmo tempo em que Giovanni Bezerra era afastado do parto seguinte e substituído por outro anestesista. Mas sem permitir que ele saísse do hospital.

A prisão do anestesista foi feita no próprio hospital, em flagrante. Na última semana, a Justiça do Rio aceitou a denúncia do Ministério Público e tornou Bezerra réu.

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