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Chuchu na Serra: Certas notícias já nem causam espanto

Governador de Roraima, Antônio Denarium logrou emplacar a esposa, Simone Denarium, em uma vaga do Tribunal de Contas do Estado. (Foto: Reprodução)

Certas notícias já nem causam espanto. Aos antecedentes do caso, se juntou mais o do governador de Roraima Antônio Denarium, que logrou emplacar a companheira de vida e esposa, Simone Denarium, em uma vaga do Tribunal de Contas do Estado-TCE. O salário pode alcançar a bagatela de R$ 65 mil mensais.

Cheguei a pensar que Denarium era do PT, seguindo a linha de comportamento de Rui Costa e Wellington Dias, ex-governadores petistas que também fizeram suas diletas mulheres conselheiras dos respectivos TCEs, com salários invejáveis, da ordem dos R$ 40 mil por mês, Não é o caso. Denarium (PP) apenas seguiu os maus exemplos de seus coleguinhas petistas.

Justiça se faça, não são apenas governadores e ex-governadores: outros petistas bastante notórios, como os ministros Alexandre Padilha, Luiz Marinho e Fernando Haddad e aliados como Renan Filho, também emplacaram as respectivas esposas em cargos relevantes na República e nos estados. Poderiam ser chamados de boquinhas, mas não é o caso, porque não cabe o diminutivo. A relevância a que me refiro diz respeito ao valor das sinecuras.

Em “O Estado de São Paulo”, podem-se ler em fileira, as seguintes manchetes: “Governo Bolsonaro comprou 19 toneladas de bisteca e nunca entregou aos indígenas (yanomamis)”; “Governo Bolsonaro pagou R$ 260 reais o quilo de carne de pescoço de galinha para os indígenas”; “Governo Bolsonaro ignora hábitos de yanomamis e compra sardinha e salsicha (para eles)”. Ninguém pode acusar o governo de Bolsonaro de ter alguma simpatia para com o povo yanomami.

Soube-se também esta semana o que não era novidade mas era segredo bem guardado: viúvas e herdeiros de generais do Exército brasileiro consomem, em benefícios de pensão, um valor anual da ordem dos R$ 3,7 bilhões de reais, que vem a ser quase o mesmo valor que o tesouro paga aos 90 mil cabos e soldados do mesmo Exército: cerca de R$ 3,8 bilhões de reais. Por favor, não confundam: são bilhões e não milhões.

Os vereadores de Campinas , estado de São Paulo, se outorgaram o direito de um 13º salário e de férias (?). Doeu no meu bolso a medida, embora não seja morador nem eleitor de Campinas. É que esse tipo de mau exemplo frutifica mais do que chuchu na serra – o velho pretexto da isonomia, que nunca é para baixo e sempre é para cima. Em breve, as câmaras legislativas municipais (são mais de 5 mil neste país), os vereadores citarão o precedente campineiro e por igual se concederão o benefício.

Em Brasília, os políticos concederam anistia aos partidos (todos eles), pelas multas que acumulam na transgressão de certas normais legais, como as cotas de mulheres. São competentes nossos legisladores. Fazem lei prevendo sanções pesadas para quem não a cumpre. A Justiça Eleitoral, diante da lei e das burlas, aplica as sanções, como as multas. O que fazem os pais da pátria? Como são eles que controlam as fartíssimas verbas partidárias, tomam a medida simples: anulam tudo, anistiam tudo, apagam tudo. Dizem-nos: a lei? Ora, a lei! A lei é só para os mortais comuns!

Vocês acham que este país corre algum risco de dar certo?

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