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Por Redação O Sul | 10 de dezembro de 2018
Duas cidades do Amazonas não conseguiram preencher as vagas disponíveis do Programa Mais Médicos: Jutaí e Juruá. Elas não são as únicas que ficam sem ocupação. Mas chamam atenção pela baixíssima adesão. Remotos, esses municípios têm mais de 75% da população em situação de vulnerabilidade à pobreza. No edital inicial lançado pelo Ministério da Saúde, as mesmas são listadas como cidades que vivem na extrema pobreza.
Foram abertas seis vagas em Jutaí e três em Juruá. Em Jutaí, apenas uma foi preenchida. Em Juruá, duas. As inscrições do Mais Médicos ficaram abertas entre 21 de novembro e 7 de dezembro. Foi aberto, na última semana, um novo edital para buscar adesão de profissionais estrangeiros.
Das 107 vagas que ainda não foram ocupadas em todo País, 83,2% são de cidades amazonenses. O Estado tem 89 vagas remanescentes que ainda não tiveram adesões de médicos.
As cidades ficam situadas a mais de 600 quilômetros da capital amazonense, Manaus, em áreas da floresta Amazônica onde só é possível acesso via transporte aéreo ou fluvial. Ao longo dos anos, a rede hospitalar dessas cidades registrou diversos problemas.
Há dois anos, por exemplo, um médico de Jutaí precisou improvisar uma máscara de oxigênio com garrafa de refrigerante, para tentar salvar a vida de um bebê que nasceu prematuro e com problema respiratório. Não havia incubadora no hospital, e a menina morreu.
Jutaí
Com área de 69.457,416 km², Jutaí fica no Alto Solimões, na região Sudoeste do estado, a 749 km de distância da capital. A população total da cidade é 17.992 habitantes, de acordo com último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Em 2016, o salário médio mensal do trabalhador de Jutaí era de 1,3 salário mínimo. A proporção de pessoas ocupadas em relação à população total era de 5,5%. O percentual da população com rendimento nominal mensal, per capita, de até meio salário mínimo, é de 50%.
O PIB (Produto Interno Bruto) per capita é de R$ 11.849,71 anual, que é o Produto Interno Bruto dividido pela quantidade de habitantes da cidade. Para se ter um comparativo, o PIB per capita anual de Manaus é R$ 32.592,94.
O município registra um total de 87,4% de pessoas vivendo em situação de vulnerabilidade à pobreza e 41% em condições de extrema pobreza. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é de 0,516. Jutaí fica, então, com “índice baixo de desenvolvimento humano”.
As riquezas não têm uma distribuição igualitária e parte da população sobrevive com alimentos da floresta e da pesca de peixes. A cidade, além de tudo, é alvo do garimpo ilegal de ouro.
A taxa de mortalidade infantil média em Jutaí é de 14,49 para 1.000 nascidos vivos. As internações devido a diarreias, por exemplo, são de 6,2 para cada 1.000 habitantes. Enquanto a cada grupo de 1.000 habitantes de Manaus uma pessoa é internada com diarreia. Jutaí é o terceiro município com maior proporção de internações por diarreias em todo o Amazonas e o 531º do País.
Os profissionais que atuam na rede pública de saúde enfrentam dificuldades com falta de equipamentos, insumos e medicamentos nas unidades hospitalares. Foi lá que o médico, citado acima, improvisou uma garrafa pet como máscara de oxigênio.
Juruá
Também localizado no Sudoeste do Amazonas, Juruá tem área de 19.442,548 km² e população de 10.802 pessoas. A renda per capita é de R$ 6.844,66. O município registra ainda um total de 75,4% de pessoas vivendo em situação de vulnerabilidade à pobreza e 32,2% em condições de extrema pobreza. De Juruá a Manaus, são 672.14 km de distância.
O IDH é de 0,522, o que significa “índice baixo de desenvolvimento humano”. As fontes de recursos externos representam 95,3% da receita de Juruá, que também tem receita baseada na transferência de recursos do Estado e da União.
A taxa de mortalidade infantil média na cidade é de 21,39 para 1.000 nascidos vivos. As internações devido a diarreias são de 4,3 para cada 1.000 habitantes. Comparado com os 62 municípios do Estado, Juruá é 36º em mortalidade infantil. Juruá é quinto do Amazonas com maior proporção de internações por diarreia e 801º do Brasil.