Ícone do site Jornal O Sul

Menopausa: Estados Unidos aprovam novo medicamento não hormonal contra ondas de calor

Calor repentino e avassalador pode afetar qualidade de vida e produtividade das mulheres. (Foto: Getty Images)

A Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos Estados Unidos (equivalente à Anvisa no Brasil), aprovou um novo medicamento oral não hormonal, com o nome comercial de Veozah, para tratar as ondas de calor da menopausa. A droga oferece às mulheres uma “opção de tratamento segura e eficaz”, disse Janet Maynard, diretora do Escritório de Doenças Raras, Pediatria, Urologia e Medicina Reprodutiva da FDA, em um comunicado.

As ondas de calor, também chamadas de sintomas vasomotores, afetam cerca de 75% das mulheres americanas na menopausa e na perimenopausa (período de transição até a menopausa).

Evidências robustas sugerem que esse sintoma, que provoca um calor repentino e avassalador, pode ter um sério impacto na qualidade de vida e na produtividade da mulher.

Estudos descobriram que as mulheres negras sofrem de ondas de calor mais graves e frequentes por períodos mais longos. No entanto, existem poucas opções de tratamento seguras e eficazes para o problema, disse Stephanie Faubion, diretora médica da Sociedade Americana para Menopausa e diretora do Centro para a Saúde da Mulher da Mayo Clinic.

A terapia hormonal é o tratamento mais eficaz para mulheres com menos de 60 anos, mas apresenta riscos para aquelas que têm certas condições de saúde. Além disso, diz ela, há ainda equívocos enraizados sobre a opção terapêutica a partir de estudos dos anos 2000, já contestados, que afastam as mulheres desse tipo de tratamento.

Existe apenas um outro tratamento não hormonal que demonstrou efetivamente controlar as ondas de calor – a paroxetina, que é usada principalmente para tratar a depressão, mas foi aprovada pelo FDA (nos EUA) para ser usada também nos sintomas da menopausa.

Décadas de opções limitadas de tratamento criaram uma “necessidade não atendida” escancarada, tornando o Veozah, produzido pela empresa farmacêutica japonesa Astellas, inovador e há muito esperado, disse Lauren Streicher, professora clínica de obstetrícia e ginecologia na Northwestern University e médica diretora do Centro de Medicina para Menopausa Northwestern. “Quando você pensa sobre o impacto dos sintomas vasomotores no trabalho, na função cognitiva, no sono, na qualidade de vida – a disponibilidade de outra opção é empolgante”, disse. “Isso é algo que esperávamos há muito tempo.”

Funcionamento da droga

Cerca de uma década atrás, os pesquisadores identificaram neurônios no cérebro, conhecidos como KNDy, que regulam a temperatura corporal, e descobriram que eles eram controlados principalmente pelo hormônio estrogênio.

Quando as mulheres chegam à menopausa e seus níveis de estrogênio caem, “esses neurônios entram em ação”, explica Lauren Streicher. É como se eles percebessem que o corpo está mais quente do que está e, assim, desencadeiam uma cascata de eventos para resfriá-lo, como o suor.

O Veozah contém um composto chamado fezolinetant, que se liga a esses neurônios e os “acalma”, afirma Lauren Streicher.

A Astellas conduziu três testes com o Veozah envolvendo mais de 3 mil mulheres que tiveram ondas de calor moderadas ou graves no Canadá, nos Estados Unidos e em países da Europa.

Em comparação com um grupo que recebeu apenas placebo, o medicamento reduziu significativamente a gravidade e a frequência das ondas de calor em mulheres que tomavam um comprimido por dia.

Muitas mulheres que usaram o medicamento relataram uma diferença na quarta semana do tratamento. Em alguns casos, disse Nanette Santoro, professora de obstetrícia e ginecologia na Escola de Medicina da Universidade do Colorado, que foi consultora científica da Astellas durante os testes com a droga, as mulheres relataram sentir uma diferença já em uma semana.

Ainda não há estudos comparando a eficácia do fezolinetant com a da reposição de estrogênio – que pode reduzir a frequência das ondas de calor em 75%, segundo Stephanie Faubion –, mas ele parece ser mais eficaz do que o antidepressivo paroxetina.

Sair da versão mobile