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Cientistas e técnicos da Anvisa veem com cautela cronograma da Butanvac, que prevê vacina em produção em julho

Primeira etapa do estudo incluirá 400 voluntários que receberão duas doses da vacina em um intervalo de 28 dias. (Foto: Governo do Estado de SP)

Pesquisadores e técnicos da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) veem com cautela o cronograma de testes da Butanvac, vacina contra Covid-19 anunciada pelo governo de São Paulo nesta sexta-feira (26). O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, disse que o estudo clínico deve ser concluído até o meio deste ano.

O histórico de atrasos nas promessas do governador João Doria (PSDB) – que chegou até a anunciar que todos os paulistas seriam vacinados contra o coronavírus até fevereiro de 2021 – também contribui para a desconfiança em relação às datas propostas para a nova vacina.

Nesta sexta (26), o Butantan anunciou a vacina como um produto “100% nacional”, mas, depois de críticas, reconheceu que um consórcio internacional, que inclui a universidade americana Mount Sinai, tem um “papel importantíssimo na concepção da tecnologia”.

Técnicos da Anvisa afirmaram a uma emissora de TV que não consideram factível o prazo anunciado pelo Butantan. Eles disseram que ainda é preciso analisar os documentos do instituto – que ainda não enviou o pedido à agência –, mas que é necessário ter cautela porque o processo não é tão simples como anunciou o governo de São Paulo.

Já membros da comunidade científica brasileira celebraram o anúncio do governo paulista, mas destacaram que os trâmites para o desenvolvimento de um estudo clínico são complexos, e que, até que a vacina comece a ser utilizada, ainda resta um “longo caminho pela frente”.

Cronograma da Butanvac

O diretor do Butantan, Dimas Covas, afirmou que iria entregar o dossiê da vacina à Anvisa na sexta (26). Segundo ele, se a agência autorizar, os testes de fase 1 e 2 simultâneas podem começar em abril.

Na fase 1 de testes de uma vacina, os cientistas testam a segurança e eficácia em fase inicial, normalmente com dezenas de voluntários. Na fase 2, os testes são feitos com mais voluntários – geralmente, centenas.

Os testes de fase 1 já começaram no Vietnã e na Tailândia, nos quais o Butantan se aliou a parceiros locais.

No entanto, para concluir os estudos clínicos, é necessária a conclusão da fase 3, a última, na qual milhares de participantes recebem a vacina para avaliar sua eficácia.

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