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Variedades Cientistas estudam caso surpreendente de mulher com Alzheimer sem perda cognitiva; entenda

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Cientistas estudam caso surpreendente de mulher com Alzheimer sem perda cognitiva. (Foto: Reprodução)

Cientistas da Universidade de Pittsburgh e da Universidade da Califórnia de Irvine, nos Estados Unidos, estudam um caso raro de uma mulher com doença de Alzheimer que não desenvolveu um quadro de demência – síndrome caracterizada pela perda cognitiva. O relato da paciente foi descrito em artigo publicado na revista científica Alzheimer’s & Dementia, da Associação de Alzheimer.

A mulher em questão tinha um diagnóstico de síndrome de Down, cujos pacientes têm mais de 90% de risco de desenvolver Alzheimer ao longo da vida. Durante 10 anos, ela foi acompanhada em um estudo sobre as doenças por pesquisadores das universidades, embora não tivesse um diagnóstico de Alzheimer.

Após sua morte, por volta dos 60 anos, seu cérebro foi doado para os cientistas do centro de pesquisa em radiofrequência da Universidade de Pittsburgh para a realização de exames de ressonância magnética de alta resolução. Jr-Jiun Liou, pesquisadora do departamento de bioengenharia da instituição responsável pelo trabalho, explica que o objetivo era compreender mecanismos do órgão ligados à síndrome de Down.

“Estávamos interessados em tentar estabelecer uma ligação entre neuroimagem e neuropatologia, porque queremos usar informações de conjuntos de dados neuropatológicos para orientar critérios diagnósticos e terapêuticos para indivíduos com síndrome de Down antes de seu falecimento”, diz em comunicado da instituição.

Os achados, porém, surpreenderam a pesquisadora. Embora a mulher não demonstrasse sinais de perda cognitiva quando morreu, a ressonância revelou mudanças cerebrais ligadas à doença de Alzheimer, como o acúmulo da proteína beta-amiloide no órgão.

“Antes de ela falecer, todas as avaliações clínicas realizadas ao longo dos anos indicavam que ela estava cognitivamente estável, o que torna este caso tão fascinante”, afirma Jr-Jiun. “Apesar de a patologia de seu cérebro indicar Alzheimer, acreditamos que sua estabilidade cognitiva pode estar relacionada ao seu alto nível educacional ou a fatores genéticos subjacentes”, continua.

No artigo, eles citam que o “caso se soma ao crescente corpo de literatura voltado para entender o fenômeno da resistência ao declínio cognitivo entre indivíduos com neuropatologia da doença de Alzheimer que permanecem sem demência”, e mencionam possíveis explicações.

Uma das hipóteses é a chamada “reserva cognitiva”, lembrando que “indivíduos com níveis educacionais mais elevados tendem a apresentar menos comprometimento cognitivo”. “No nosso caso, a paciente possuía um nível educacional notavelmente alto em relação a seus pares com síndrome de Down de sua geração. Esse ambiente de aprendizado enriquecido pode ter contribuído para sua reserva cognitiva”, escrevem.

Além disso, avaliam que uma “vantagem genética”, com mutações que conferem resistência ao desenvolvimento da demência no cérebro, poderia ser outra explicação. Por fim, citam um terceiro mecanismo, chamado de “reserva cerebral”:

“Indivíduos com maiores reservas cerebrais, caracterizadas por maior densidade sináptica e maior número de neurônios saudáveis, podem necessitar de um maior acúmulo de patologia para manifestar sintomas clínicos de demência”, escrevem.

Os pesquisadores esperam que estudos do tipo auxiliem a aprimorar ferramentas de diagnóstico, especialmente com o objetivo de identificar esses casos em que a patologia do Alzheimer não se manifestou com sintomas e incluí-los em ensaios clínicos de novos medicamentos.

“Ensaios clínicos geralmente possuem critérios de aceitação restritos, mas, se mais indivíduos com esse tipo de patologia ‘oculta’ do Alzheimer forem incluídos, os tratamentos podem se tornar mais eficazes”, afirmam no comunicado.

Além disso, explicam que casos do tipo são uma oportunidade rara de identificar fatores genéticos ou de estilo de vida que possam contribuir para a preservação cognitiva entre pacientes com Alzheimer.

“Se conseguirmos identificar as bases genéticas ou os fatores de estilo de vida que permitiram que seu cérebro funcionasse bem apesar da patologia, poderemos descobrir estratégias que beneficiem outras pessoas. Este estudo demonstra como a participação de apenas uma pessoa na pesquisa pode levar a descobertas profundas”, diz Elizabeth Head, professora no departamento de Patologia e Medicina Laboratorial da Universidade da Califórnia em Irvine, que acompanhou a paciente.

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https://www.osul.com.br/cientistas-estudam-caso-surpreendente-de-mulher-com-alzheimer-sem-perda-cognitiva-entenda/ Cientistas estudam caso surpreendente de mulher com Alzheimer sem perda cognitiva; entenda 2025-03-06
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