Sexta-feira, 24 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 29 de outubro de 2020
A nova onda de casos do novo coronavírus na Europa, que já força diversos países a adotarem regras de confinamento, está sendo causada por uma cepa mutante do vírus SARS-CoV-2. Essa cepa é mais infecciosa e foi rastreada até a Espanha, que recentemente atingiu 1 milhão de casos, e se espalhou por todo o continente durante o verão europeu.
Centenas de mutações do novo coronavírus já foram identificadas na Europa. Mas, de acordo com um estudo da universidade ETH Zürich e da Universidade de Basel, ambas na Suíça, poucas foram tão difundidas pelo continente como uma nova mutação chamada de “20A.EU1”, que foi rastreada inicialmente na Espanha e se espalhou em países que estão enfrentando a segunda onda da covid-19, como o Reino Unido.
De acordo com o estudo, que ainda não foi publicado em um periódico científico — ou seja, não passou pela revisão por pares, que confirma a validade da conclusão da pesquisa — a mutação provavelmente se originou em trabalhadores agrícolas no nordeste espanhol, onde foi registrada pela primeira vez em junho.
Depois, aconteceram eventos “superespalhadores” durante o verão europeu que fizeram com que a mutação do vírus se disseminasse pelo continente. E isso ficou agravado quando as viagens pela Europa foram liberadas. Em julho, seis países já teriam registrado a presença da mutação “20A.EU1”.
Segundo o estudo, quatro em cada cinco casos novos de covid-19 no Reino Unido aconteceram por causa dessa mutação. Os cientistas relacionaram esse índice a transmissões individuais ocorridas em julho e agosto.
“O aumento da prevalência de 20A.EU1 em toda a Europa implica que as diretrizes e restrições para viagens de verão geralmente não foram suficientes para prevenir a transmissão”, disseram os cientistas.
O estudo apontou que a mutação está presente em 12 países da Europa, assim como em Hong Kong e na Nova Zelândia.
Os cientistas não conseguiram concluir se a mutação é mais perigosa do que o vírus original, pois, segundo eles, “a ausência de sequenciamento consistente e uniforme em toda a Europa limitou os esforços”.
Em sua conta no Twitter, a cientista Emma Hodcroft, uma as autoras do estudo, disse não acreditar que essa mutação do coronavírus tenha algum impacto na imunização das vacinas contra a covid-19 que estão sendo testadas.
Frequência
De acordo com a pesquisa, a nova variante do vírus tem aparecido com frequência acima de 40% entre os infectados em território espanhol desde julho. Fora da Espanha, ele se manteve em níveis mais baixos até 15 de julho, mas depois chegou a ficar com percentuais entre 40% e 70% em setembro na Suíça, Irlanda e Reino Unido. A mutação também é prevalente na Noruega, Letônia, Holanda e França.