Sexta-feira, 20 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 28 de maio de 2024
Modelos de linguagem como o ChatGPT têm sido a grande aposta da tecnologia atualmente. Em novo estudo publicado na Science Advances um grupo de pesquisadores chineses fez uma comparação entre máquina e cérebro humano — mais especificamente, a forma como a mente das pessoas funciona para interpretar textos.
Os modelos de linguagem trabalham com a previsão contextual de palavras, uma estratégia de aprendizagem simples combinada com dados de treinamento massivos.
No novo estudo, os pesquisadores tentaram comparar o pensamento que ocorre pelas sinapses e o que é feito na programação desses modelos de linguagem.
“Embora a previsão de palavras seja um mecanismo importante subjacente ao processamento da linguagem, a compreensão da linguagem humana ocorre em vários níveis, envolvendo a integração de palavras e frases para alcançar uma compreensão completa do discurso”, justifica o estudo.
Com isso em mente, o grupo trabalhou para tornar a estrutura de raciocínio da IA o mais similar possível à dos humanos. Basicamente, a tecnologia desenvolvida “imita” a funcionalidade do hemisfério direito do cérebro, que, segundo os autores, tem um papel relevante na compreensão de um texto.
A equipe de pesquisa treinou dois modelos. Um deles foi aprimorado com a técnica chamada previsão da próxima frase, usada para ensinar computadores a entenderem melhor o que vem depois em uma conversa ou texto. O outro não foi aprimorado.
Para o estudo, o grupo também coletou dados de ressonância magnética de pessoas lendo frases conexas e desconexas, e examinou até que ponto os padrões de cada modelo correspondiam aos padrões cerebrais.
Resultado: ao mesmo tempo que conseguiram aprimorar o desempenho da tecnologia em questão, os autores também entenderam melhor como a mente das pessoas funciona para interpretar textos.
IA aprimorada ao “imitar” cérebro
Ficou claro que o treinamento aprimorado trouxe benefícios: o modelo combinou muito melhor a atividade cerebral humana em múltiplas áreas do que o modelo treinado apenas na previsão de palavras.
“Nosso estudo demonstra que a inclusão de diversos objetivos de aprendizagem em um modelo leva a representações mais humanas, e a investigação pode lançar luz sobre questões pendentes na neurociência da linguagem”, afirmam os pesquisadores.
A nova descoberta representa um passo significativo na busca por uma inteligência artificial mais alinhada com o funcionamento do cérebro humano.
Assim, ao treinar modelos de IA com técnicas que imitam os processos cerebrais envolvidos na compreensão da linguagem, é possível esperar avanços notáveis na capacidade das máquinas de entenderem e interagirem de forma mais natural e inteligente com os seres humanos.
Compreensão sobre o cérebro
Mas não só: a pesquisa também promete contribuir para uma melhor compreensão dos mecanismos cerebrais subjacentes à linguagem humana.
Com a convergência entre inteligência artificial e neurociência, podemos imaginar um futuro onde as máquinas não apenas realizem tarefas complexas, mas também nos ajudem a desvendar os mistérios do próprio cérebro humano.