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Brasil Cientistas negam ter sido consultados sobre plano de vacina enviado pelo governo ao Supremo

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A determinação vale até que sejam concluídas as análises de um caso raro de morte de uma gestante de 35 anos por causa de um AVC hemorrágico. (Foto: EBC)

Um grupo de pesquisadores divulgou uma nota conjunta em que diz não ter sido consultado sobre o plano de vacinação contra a covid-19 que foi encaminhado pelo governo ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Na nota assinada por cientistas que são listados, no plano, como colaboradores, os pesquisadores dizem que o material não foi apresentado previamente e não obteve a anuência dos integrantes do grupo.

A nota é assinada por 36 pesquisadores. Do plano do governo encaminhado ao Supremo, constam os nomes de cerca de 150 cientistas como colaboradores.

“O grupo técnico assessor foi surpreendido no dia 12 de dezembro de 2020 pelos veículos de imprensa que anunciaram o envio do Plano Nacional de Vacinação da COVID-19 pelo Ministério da Saúde ao STF. Nos causou surpresa e estranheza que o documento no qual constam os nomes dos pesquisadores deste grupo técnico não nos foi apresentado anteriormente e não obteve nossa anuência”, diz trecho da nota divulgada pelo grupo de pesquisadores.

Nota divulgada no site da pasta diz que o plano será apresentado e detalhado à população na quinta-feira (17); e que o documento poderá sofrer modificações “durante o seu processo de implementação”.

Os cientistas relatam que haviam solicitado uma reunião sobre o plano e manifestado preocupação pela retirada do planejamento “de grupos prioritários” e pela “não inclusão de todas as vacinas disponíveis que se mostrarem seguras e eficazes”.

O grupo de pesquisadores que assessoraram o Ministério da Saúde reitera a recomendação técnica para que todas as populações vulneráveis, inclusive a carcerária, sejam inseridas na prioridade de vacinação.

Eles também pedem a ampliação dos grupos prioritários de forma a abranger todos os trabalhadores de educação e de áreas essenciais.

O grupo solicita ainda que o governo abra negociações para a aquisição de outras vacinas que atendam a requisitos de eficácia, segurança e qualidade.

Uma das colaboradoras citadas no documento, a epidemiologista Ethel Maciel utilizou uma rede social para dizer que não viu o documento antes de este ser encaminhado ao STF. “Algo que nos meus 25 anos de pesquisadora nunca tinha vivido”, afirmou a professora da Universidade Federal do Espírito Santo.

O plano

O “Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19”, assinado pelo Ministério da Saúde, tem a data do dia 10 de dezembro. O documento foi anexado na noite de sexta-feira (11) às ações – apresentadas por partidos – que tramitam no STF e que cobram o planejamento da vacinação da população.

O material prevê a disponibilização de 108,3 milhões de doses para mais de 51 milhões de pessoas de grupos prioritários, divididos em quatro fases.

O documento, entretanto, não apresenta uma data para o início da vacinação dos integrantes desses grupos, que incluem profissionais de saúde e idosos, entre outros.

Uma nota técnica, que acompanha o plano encaminhado ao Supremo, diz que a previsão é vacinar esses grupos prioritários ao longo do primeiro semestre de 2021.

Grupos prioritários

O plano define grupos prioritários para a vacinação. Essa etapa é dividida em quatro fases. Somando as quatro fases dos grupos prioritários, o plano prevê 108,3 milhões de doses.

O Ministério da Saúde pondera no plano que os grupos são “preliminares” e passíveis de mudanças a depender das indicações da vacina após aprovação da Anvisa, bem como possíveis contraindicações.

Primeira fase

– Trabalhadores de saúde: 5.886.718 pessoas

– Pessoas a partir de 80 anos: 4.266.553

– Pessoas de 75 a 79 anos de idade: 3.480.532

– Pessoas de 60 anos ou mais institucionalizadas: 198.249

– Indígenas: 410.348

– Número de doses estimadas (duas doses por pessoa) + 5% de perda: 29.909.040.

Segunda fase

– Pessoas de 70 a 74 anos: 5.174.382

– Pessoas de 65 a 69 anos: 7.081.676

– Pessoas de 60 a 64 anos: 9.091.902

– Número de doses estimadas (duas doses por pessoa) + 5% de perda: 44.830.716.

Terceira fase

– Pessoas com comorbidades: 12.661.921

– Número de doses estimadas (duas doses por pessoa) + 5% de perda: 26.590.034.

Quarta fase

– Professores, nível básico ao superior: 2.344.373

– Forças de segurança e salvamento: 850.496

– Funcionários do sistema prisional: 144.451

– Número de doses estimadas (duas doses por pessoa) + 5% de perda: 7.012.572.

Doses

Segundo o plano enviado ao STF, o Brasil “garantiu” 300 milhões de doses de vacinas por meio de três acordos:

– Fiocruz/Astrazeneca: 100,4 milhões de doses até julho e mais 30 milhões no segundo semestre;

– Covax Facility: 42,5 milhões de doses

– Pfizer: 70 milhões de doses (ainda em negociação).

Os dados informados, porém, resultam em 242,9 milhões de doses.

Os números incluem a negociação para adquirir a vacina da Pfizer, já utilizada no Reino Unido e que recebeu aprovação para uso emergencial da agência reguladora de medicamentos americana, a FDA.

A nota técnica que acompanha o plano apresenta outras informações. Segundo a nota, o Brasil tem, atualmente, acordos para aquisição de 142,9 milhões de doses:

– Fiocruz/AstraZeneca: 100,4 milhões

– Covax Facility: 42,5 milhões.

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https://www.osul.com.br/cientistas-negam-que-foram-consultados-sobre-plano-de-vacina-enviado-pelo-governo-ao-supremo/ Cientistas negam ter sido consultados sobre plano de vacina enviado pelo governo ao Supremo 2020-12-13
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