Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 15 de dezembro de 2022
Depois de uma decisão de 2018 entre uma favorita (França) e uma zebra (Croácia), a Copa voltará a ter um desfecho marcado pelo equilíbrio. Franceses e argentinos farão, domingo, no Catar, o ato final do Mundial deste ano. Lideradas por astros em grande fase, as duas equipes chegam equivalentes à partida derradeira. Qualquer fator pode fazer a diferença para um dos dois lados. Veja abaixo cinco fatores que podem definir o tão aguardado confronto.
Messi e Mbappé
O duelo particular entre o craque veterano em busca do último título que lhe falta e o astro de 23 anos dificilmente não será um dos capítulos mais importantes desta final. Companheiros de PSG, Messi e Mbappé protagonizaram vitórias importantes ao longo da Copa. Se algum deles não encontrar uma marcação eficiente na final, decidirá de novo.
O argentino vem numa crescente junto com toda a equipe. E ocupa também um lugar mais central do que o francês. É difícil imaginar a Argentina se reerguendo após o mau começo contra a Arábia Saudita (derrota por 2 a 1), sem o brilho de seu camisa 10. Não à toa, ele é o jogador com mais participações diretas em gols do torneio: oito (cinco marcados por ele mesmo e mais três assistências).
Mbappé vem logo em seguida. Tem sete participações em gols, tendo marcado os mesmos cinco e contribuído com duas assistências. Num movimento contrário ao de Messi, tem caído de rendimento ao longo do campeonato. Mas, diferentemente da Argentina, a seleção francesa é menos dependente de seu camisa 10.
Ainda assim, Mbappé mostra que pode decidir mesmo quando está apagado. Foi assim na semifinal contra Marrocos, nesta quarta, quando ele fez a jogada do segundo gol e jogou uma ducha de água fria na tentativa de reação dos africanos.
Tchouaméni e Álvarez
Tanto França quanto Argentina contam com jovens que entraram no torneio sem badalação e chegam à final como determinantes para o sucesso das campanhas. Aproveitando que todas as atenções estarão voltadas para Mbappé e Messi (com razão), Tchouaméni e Julián Álvarez podem surpreender e decidir.
O meio-campista francês do Real Madrid, de 22 anos, fez os torcedores não sentirem falta de Pogba e Kanté, lesionados. É ele quem mais troca passes na seleção francesa (399 até agora) e também quem percorreu a maior distância em campo (63,4 km). Ou seja: pressiona, toca e corre para receber a bola na frente. Já até marcou gol: o que abriu o placar na vitória por 2 a 1 sobre a Inglaterra, pelas quartas de final.
Já Álvarez, com a mesma idade, tem mostrado ao mundo porque foi comprado pelo Manchester City. O ex-jogador do River Plate exerceu a função que Lautaro Martínez não conseguiu: ser a dupla de Messi no ataque. Assumiu a titularidade no último jogo da fase de grupos e de lá não mais saiu. Já marcou quatro gols, sendo dois deles contra a Croácia, na última terça. Para se ter uma ideia de como não é pouco o que ele fez, até então somente Pelé, em 1958, havia marcado duas vezes numa semifinal.
Griezmann
Se Mbappé aparece pelos gols e por sua explosão em campo, Griezmann tem roubado as atenções pela metamorfose sofrida de um Mundial para outro. De goleador na Rússia, o atacante virou uma espécie de coringa que tanto municia o ataque quanto ajuda na marcação. É o jogador da seleção francesa com mais assistências (três), com mais passes que quebram linhas (71), com mais cruzamentos (37) e o que mais vezes se posiciona para fazer a pressão defensiva (242).
Esta entrega defensiva foi a solução encontrada por Didier Deschamps para compensar a deficiência de Mbappé na recomposição. Ele não só aceitou sem se queixar como se reencontrou em campo e virou o motor do time. Tanto que a ausência de gols até agora não é vista como uma limitação, mas como consequência deste reposicionamento.
Scaloni
Lionel Scaloni tem apenas 44 anos de idade e faz, na seleção argentina, seu primeiro trabalho como treinador de uma equipe adulta. Apesar do currículo que o faz ser visto a olhos tortos pela maioria dos torcedores de qualquer país, não tem medo de mexer na equipe jogo a jogo. Esta adaptabilidade acabou se revelando um de seus pontos fortes.
Para pegar os croatas, testou três formações táticas diferentes e optou pelo esquema mais conservador, com a entrada de mais um volante em vez da volta de Di María na ponta esquerda. Com isso, neutralizou o setor mais forte da Croácia. Já contra a Holanda, nas quartas, preferiu por uma defesa com três zagueiros. E contra a Austrália, o trio foi de atacantes.
Isso sem contar as entradas de Julián Álvarez, na frente, e de Enzo Fernandez, no meio, ambas contra a Polônia. A dupla de apostas entrou para não sair mais de tão certo que deram. Ponto para o técnico que não se agarra a uma única convicção. A ver o que ele reserva para enfrentar os franceses.
Experiência
Se os finalistas se equivalem no futebol apresentado até aqui, o mesmo não se pode dizer em relação a rodagem de seus jogadores. Enquanto os europeus já estão familiarizados a jogar pela seleção, os hermanos contam com muitas peças que estão vivendo sua primeira experiência com a Albiceleste. É o caso da dupla Enzo Fernandes e Julián Álvarez. O meio-campista de 21 anos nunca havia atuado pela Argentina antes dos últimos amistosos pré-Copa, em setembro. Já o atacante, apenas um ano mais novo, estreou pela equipe principal no ano passado.
No sistema defensivo, metade também tem pouca experiência na seleção: o zagueiro Cristian Romero e o lateral Molina. O primeiro participou de um amistoso em 2019, mas só passou a ser frequentemente convocado há um ano. Já o segundo debutou na Copa América do ano passado.
Apesar da pouca experiência, todos tem reagido bem até aqui. Mas a final de uma Copa do Mundo contra a França será o grande e último teste para eles. As informações são do jornal O Globo.