Quarta-feira, 05 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 4 de fevereiro de 2025
Planejar a maternidade é uma decisão importante, e cada vez mais mulheres optam por adiar esse momento em função da carreira, projetos pessoais ou estilo de vida. No entanto, com o passar dos anos, a fertilidade feminina naturalmente diminui, e a qualidade dos óvulos pode ser afetada.
Por conta disso, o congelamento de óvulos surge como uma alternativa para preservar a fertilidade. Entre 2020 e 2023, foram congelados 780.024 óvulos e embriões no Brasil, segundo o Sistema Nacional de Produção de Embriões (SisEmbrio), número que tem aumentado no país, refletindo a tendência de postergar a maternidade. Em 2023, foram congelados 111.413 óvulos, o que representa um aumento de 96,5% em relação a 2020.
Segundo o Dr. Vamberto Filho, especialista em reprodução humana, o procedimento envolve a estimulação ovariana para coleta dos óvulos, que são, então, congelados por técnicas seguras, permitindo o uso no futuro. “O ideal é buscar orientação médica quanto antes, para entender todas as etapas do processo e avaliar a reserva ovariana, que pode variar de mulher para mulher”, diz.
Pensando nisso, o médico listou 5 fatos que toda mulher deve saber:
Existe idade ideal?
É comum surgirem dúvidas durante a decisão de congelar os óvulos, sobre principalmente o melhor momento. O Dr. Vamberto explica que a idade pode variar. “Tenho pacientes com mais de 35 anos que recorrem ao procedimento, mas cabe destacar que o importante é não perder tempo. A qualidade dos óvulos é superior na faixa etária de 25 a 35 anos, então as chances de sucesso para uma futura gestação são maiores”, fala. “Após os 35 anos, a quantidade e qualidade dos óvulos começam a diminuir de forma mais acelerada”, pontua.
Alterações cromossômicas e genéticas após os 35 anos
A partir dos 35 anos, os óvulos tendem a apresentar maior risco de alterações cromossômicas e genéticas, o que pode impactar a taxa de sucesso na fertilização e aumentar a probabilidade de complicações gestacionais. Além disso, a reserva ovariana reduz progressivamente, tornando a concepção natural mais desafiadora.
Quantidade e qualidade dos óvulos
Para as mulheres que ovulam, grande parte dos desafios da gravidez após os 35 anos tem a ver com dois fatores: a quantidade e a qualidade dos óvulos. “Ainda dentro do útero, quando ainda é um feto, a mulher produz todo seu estoque de óvulos. E mesmo antes de nascer já perderam mais da metade deles. Ao nascimento são em torno de dois milhões de óvulos e na primeira menstruação em torno de 400 mil. A cada ciclo menstrual mil óvulos são recrutados e um ovulado, o que faz a mulher ter um ciclo reprodutivo de, aproximadamente, 40 anos. E exatamente por isso o tempo é tão importante”, complementa ele.
Não postergue a decisão
De acordo com Dr. Vamberto, se a mulher tem a intenção de engravidar futuramente, o ideal é procurar um médico especializado quanto antes, para se informar sobre sua reserva ovariana e alternativas como o congelamento de óvulos.
“Isso é imprescindível para preservar a fertilidade, considerando que, se aquela mulher recorrer a tratamentos como a FIV (fertilização in vitro) após os 40 anos, poderá utilizar seus óvulos congelados quando era mais jovem”, ressalta.
Óvulos congelados x taxa de sucesso
É importante que as mulheres saibam que, embora aumente as chances, congelar óvulos não garante que a gestação ocorrerá no futuro. A taxa de sucesso depende da qualidade dos óvulos congelados e das condições reprodutivas da mulher no momento da fertilização.
“Com os avanços da medicina reprodutiva, o congelamento de óvulos torna-se uma ferramenta valiosa para que as mulheres possam planejar a maternidade no momento mais adequado para elas, sem abrir mão da qualidade do material biológico”, conclui o especialista.