O cineasta iraniano Abbas Kiarostami morreu aos 76 anos, informou nesta segunda-feira (4) o jornal inglês “The Guardian”. Ele ganhou a Palma de Ouro em Cannes por “Gosto de Cereja” (1997), e foi indicado mais quatro vezes ao prêmio, por “Através das Oliveiras” (1994), “Dez” (2002) “Cópia fiel” (2010) e “Um alguém apaixonado” (2012).
De acordo com o jornal, ele foi dignosticado com câncer gastrointestinal em março de 2016, e estava na França para tratamento. Ele passou por uma série de cirurgias no mês passado, segundo o “Guardian”.
Abbas Kiarostami é considerado um dos principais nomes do cinema contemporâneo, que ganhou importância a partir dos anos 1990. No Brasil, poucos títulos dele foram exibidos, alguns apenas em festivais.
Além de premiado em Cannes, ele também levou o prêmio especial do júri no Festival de Veneza com “O Vento nos Levará” (1999).
A carreira de Kiarostami teve início em 1970, quando ele foi nomeado diretor do Departamento de Audiovisual do Instituto para o Desenvolvimento Intelectual das Crianças e Adolescentes (Kanun). Um ano depois, ele assinou seu primeiro curta, “O Pão e o Beco”.
O Kanun foi uma entidade pública que teve grande importância no Irã no final da década de 1960 e abriu as portas para cineastas como Bahram Beizaie, Amir Naderi, Reza Alamzadeh e Sohrab Xáid-Slaes. O conceito da instituição tem importância nas obras de Kiarostami e de todos os diretores que passaram por lá.
“Onde fica a casa do meu amigo?”, de 1987, é a produção que fez o cineasta ficar conhecido no mundo. O cineasta dizia que os filmes que cria são produtos não acabadados, “semi-filmes”, obras que funcionam como simples estruturas que devem ser preenchidas a partir do olhar do público.
Kiarostami teve de deixar o Irã para produzir alguns de seus filmes – por questões econômicas e também ideológicas. Alguns dos trabalhos sequer chegaram a ser conhecidos pelo público no país de origem do autor.
Nos últimos anos, o cineasta continuou a viver no Irã, apesar de ter produzido seus últimos filmes fora do país. Ele fez os longas “Cópia Fiel”, de 2010, na Itália, e “Um Alguém Apaixonado”, de 2012, no Japão. (AG)