O cineasta Woody Allen revelou que pretende se aposentar em breve. “Meu próximo filme será o de número 50, acho que é um bom momento para parar. Minha ideia, em princípio, é não fazer mais cinema e me concentrar em escrever, esses contos e, bem, agora estou pensando melhor em um romance, que seria o meu primeiro”, afirmou em entrevista ao jornal espanhol La Vanguardia.
Ele ainda afirmou à publicação que seu último filme se passará em Paris e “será parecido com Match Point, emocionante, dramático e também sinistro”.
Questionado sobre as diferenças entre escrever um livro ou roteiro de cinema, Woody Allen compara: “Na literatura, você tem que ser muito exigente e preciso. Você passa grandes períodos de tempo pensando em uma única palavra ou uma frase, durante várias horas, descobrindo como ela funciona naquela oração. Os escritores realmente bons que conheço passam um dia ou dois para polir uma única frase. É um trabalho obsessivo.”
“No cinema, posso me limitar a escrever: ‘Olá! Posso passar?’ e logo, através da maquiagem, do figurino e do diálogo com os atores, guiando sua entonação, seu movimento, já enchemos de sentido e conotações essa saudação. Mas, no livro, tenho que fazê-lo só com o que escrevo. O cinema é muito mais fácil!”, conclui.
O diretor, que completa 87 anos de idade em dezembro, já recebeu indicações ao Oscar ao longo de cinco décadas distintas, tendo vencido o prêmio de melhor diretor por Annie Hall, em 1978. Ele também recebeu o Oscar de melhor roteiro original por Annie Hall (1978), Hannah e Suas Irmãs (1987) e Meia-Noite em Paris (2012). Ao todo, foram 24 indicações da Academia ao longo da carreira, incluindo uma como melhor ator, também por Annie Hall.
Entre alguns de seus trabalhos mais reconhecidos estão Stardust Memories (1980), A Rosa Púrpura do Cairo (1985), Alice (1990), Tiros na Broadway (1994), Ponto Final – Match Point (2005), Vicky Cristina Barcelona (2008), Meia-Noite em Paris (2011) e Blue Jasmine (2013).
Outro ponto marcante da trajetória de Woody Allen foram as acusações de abuso sexual. O diretor foi denunciado por sua filha adotiva Dylan Farrow, de tê-la molestado no sótão de casa quando tinha 7 anos, mas as acusações foram consideradas inconclusivas. O documentário Allen vs. Farrow, que aborda o tema, foi lançado pela HBO em 2021, com o diretor considerando-o como um “trabalho de demolição crivado de falsidades”.
Sobre artistas que se recusam a atuar em seus filmes, ou afirmam se arrepender de tê-lo feito no passado, disse, em entrevista ao Conversa com Bial, em 2021: “Eles têm a impressão errada. Talvez um dia entendam isso, talvez não, eu não sei, mas essa é a minha perspectiva sobre isso”.