Ela é uma das atrizes mais famosas que já existiram, mas quão formidável é a filmografia de Angelina Jolie? Após ganhar o Oscar de atriz coadjuvante por “Garota, Interrompida” (1999), Jolie fez alguns grandes sucessos como “Lara Croft: Tomb Raider” e “Sr. e Sra. Smith” e uma série de filmes no máximo medianos — quem se lembra de “Roubando Vidas”, “Alice e Peter: Onde Nascem os Sonhos” ou “Uma vida em sete dias”?
Os filmes mais recentes de Jolie, os moderadamente recebidos “Aqueles que me desejam a morte” e “Eternos”, foram lançados em 2021, e sua única outra indicação ao Oscar aconteceu há muito tempo, por “A troca”, filme de Clint Eastwood de 2008.
Jolie argumenta que faz pausas frequentes na carreira para passar tempo com sua família, mas, ainda assim, há muito tempo um filme não apresenta tudo o que ela tem a oferecer. Talvez seja por isso que os jornalistas no Festival de Veneza foram rápidos em anunciar um retorno à carreira em “Maria”, no qual Jolie interpreta a cantora de ópera Maria Callas. Aqui, finalmente, está um projeto que sabe como tirar o máximo proveito de sua personalidade de estrela.
Dirigido por Pablo Larraín, “Maria” acompanha a soprano perto do fim da vida enquanto ela reflete sobre as pressões da fama, seu romance torturado com o magnata Aristóteles Onassis (Haluk Bilginer) e a carreira de cantora que começou a vacilar quando Callas perdeu a confiança em sua voz. É um papel substancial que permite a Jolie alternar entre força e vulnerabilidade em meio a peças operísticas que a fazem cantar diretamente para a câmera, quase pedindo ao espectador que se maravilhe com aquele rosto de estrela de cinema.
Biografias musicais tendem a atrair a atenção da Academia, e na coletiva de imprensa de “Maria”, a primeira pergunta foi se Jolie suspeitava que ela poderia ter uma chance de ouro ao assumir esse papel. A atriz contestou, dizendo que estava mais ansiosa para agradar os fãs de ópera familiarizados com Callas.
“Meu medo seria decepcioná-los. Claro, se houver resposta ao trabalho, sou grata”, disse a atriz.
Ao focar em uma mulher famosa lutando contra os holofotes da fama, “Maria” forma uma trilogia de Larraín com “Jackie” (2016), estrelado por Natalie Portman como Jacqueline Kennedy; e “Spencer” (2021), com Kristen Stewart como a Princesa Diana.
Para se preparar para o filme, ela passou vários meses em treinamento vocal e aulas de italiano. Embora Larraín tenha pedido a Jolie para cantar as árias ao vivo no set, o que ouvimos no filme são gravações de arquivo de Callas com parte do canto de Jolie tecnologicamente misturado.
Jolie disse que estava “terrivelmente nervosa” quando lhe pediram para cantar pela primeira vez e continuou se desculpando com a equipe por sua performance. Ainda assim, passar tanto tempo mergulhada na ópera a encorajou a se apaixonar pela forma de arte emocionalmente dinâmica.
Semelhanças
Na coletiva de imprensa de “Maria”, às vezes parecia que Jolie estava aludindo a seus problemas com Brad Bitt, com que vive um divórcio litigioso. Quando perguntada sobre como ela se relacionava com Callas, que experimentou sua cota de dor e desespero romântico, Jolie escolheu suas palavras cuidadosamente.
“Há muita coisa que não direi nesta sala que vocês provavelmente sabem ou presumem. Eu compartilho a vulnerabilidade dela mais do que qualquer coisa”, disse à imprensa.