O ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) participou de eventos de lançamento de candidaturas no interior do estado ao lado de candidatos alinhados ao bolsonarismo. Em Juazeiro do Norte, terceiro maior colégio eleitoral cearense, ele dividiu o palanque com o deputado estadual Carmelo Neto (PL), um dos principais aliados ao ex-presidente Jair Bolsonaro no estado. Durante o discurso, Ciro disse que o Ceará enfrentava uma “ditadura” ao comentar sobre a disputa acirrada entre PT e PDT por votos nas eleições municipais.
A aparição de Ciro e de outros líderes políticos locais aconteceu em apoio a reeleição de Glêdson Bezerra (Podemos). O candidato deve ter como principal adversário o deputado estadual Fernando Santana (PT), que contará com o apoio do senador Cid Gomes, irmão de Ciro e com quem ele está rompido desde a eleição de 2022.
Ao lado de Dr. Aloísio, candidato do União Brasil para a prefeitura de Crato (CE), Ciro fez críticas ao PT, hoje no comando do Estado, e disse que a reunião dele com antigos desafetos políticos em prol da candidatura de Bezzerra era um “dia histórico” .
“O Ceará está sendo destruído pela incompetência, pela corrupção, pelo mandonismo. Há uma ditadura tentando ser construída, tirando os direitos das pessoas de escolher suas candidaturas. Tudo armado para que o novo ditador do Ceará não tenha sequer contrastes, e tenho certeza que o Cariri vai se levantar”, afirmou ele.
No Estado, Ciro também tem feito ataques direcionados ao ministro da Educação e ex-governador do Ceará, Camilo Santana (PT). Desde o rompimento da aliança entre o PT e o PDT no estado, Ciro critica Santana e o classifica como “traidor”.
Ao participar também do lançamento da candidatura de Dr. Aloísio em Crato, Ciro esteve ao lado do prefeito de Maracanaú Roberto Pessoa (União Brasil), outro desafeto político histórico dele.
Ex-ministro da Integração Nacional no primeiro governo Lula (2003-2006), Ciro está distante do PT desde as eleições de 2018, quando foi candidato à Presidência e manteve uma postura antagônica ao então candidato petista Fernando Haddad, atual ministro da Fazenda.
O rompimento ficou mais evidente em 2022, quando o PT e o grupo político de Ciro quebraram uma aliança firmada em 2006. A sigla de Lula decidiu apoiar o governador Elmano de Freitas (PT) para o comando do Estado, enquanto o ex-governador defendeu a candidatura do pedetista Roberto Cláudio.
Cid Gomes acompanhou o PT durante a briga política e, desde então, os dois irmãos não se falam. A intriga fez o senador deixar o PDT e se filiar ao PSB em fevereiro deste ano.