O Brasil é líder em procedimentos cirúrgicos estéticos. E uma operação até pouco tempo não muito falada está despontando na preferência nacional. Você sabe o que é a bichectomia?
O nome esquisito vem das “bolas de bichat”, bolsas de gordura que ficam na bochecha, entre a maçã do rosto e a mandíbula. No procedimento, o médico faz um corte de um a três centímetros na parte interna da boca e retira as bolas de bichat. O resultado é um rosto mais fino. “A pessoa que tem a bochecha mais proeminente muitas vezes se incomoda com isso e a cirurgia está aí para resolver esse problema”, explica o cirurgião plástico Eduardo Kanashiro.
A reportagem levou Kanashiro para as ruas para fazer um teste, usando um aplicativo que não é utilizado nos consultórios pelos cirurgiões, mas já dá para ter ideia de como a pessoa vai ficar se ela fizer a bichectomia. “Eu não gosto. Acho meu rosto muito grande”, conta uma mulher. “Eu fico com o rosto mais delicado, fico mais magrinha. Eu me sinto melhor”, diz depois do teste.
“Quem não quer ficar com a aparência melhor, o rosto mais fino?”, pergunta outra mulher. Era exatamente o que Fernanda Martins Lopes, estudante de medicina, queria. “Eu achava meu rosto muito redondinho. E isso me incomodava muito. E quando eu reclamava, o povo falava: emagrece”, conta.
Ela emagreceu 10 quilos e o rosto continuou rechonchudo. Até que decidiu fazer a bichectomia, no fim do ano passado. “Afina principalmente a parte aqui debaixo. Eu passo o dedo e sinto bem mais baixo”, diz.
Em 2014, eram realizadas cerca de dez bichectomias por mês. Neste ano, esse número triplicou: são 30 cirurgias por mês. O procedimento custa, em média, 10 mil reais. E tem garotas-propaganda famosas. “A gente não sabe dizer oficialmente. Mas olhando fotos de antes e depois a gente vê que a Angelina Jolie provavelmente fez, a Madonna provavelmente fez. O contorno do rosto, da face, da região da bochecha mudou”, afirma o cirurgião.
Mas é preciso ter cuidado: a operação é irreversível e tem riscos. As bolas de bichat ficam próximas a estruturas importantes do rosto. Um erro pode levar à paralisia dos nervos faciais e à lesão do canal por onde passa a saliva.
“Se ela for banalizada, feita de qualquer modo, em qualquer lugar, por profissionais não treinados, a possibilidade de complicação é enorme”, diz Fernando de Almeida Prado, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Líder em ranking mundial.
O brasileiro gosta de entrar na faca para ficar mais bonito. O País está em primeiro lugar no ranking mundial com quase 1,5 milhão de cirurgias plásticas. A mais procurada é a lipoaspiração e, depois, o implante de silicone nos seios. E nesse tipo de procedimento, os cirurgiões já estão percebendo uma mudança na preferência das brasileiras.
Muitas dessas mulheres que deram aquela turbinada agora estão trocando a prótese por uma menor, que não chama tanto atenção. “Antigamente, a pessoa queria que as outras percebessem que ela fez a cirurgia. Hoje em dia, não”, confessa Prado. (AG)