Agora deputado federal, o general da reserva Eduardo Pazuello reuniu-se com Jair Bolsonaro em 7 de dezembro de 2022 para, segundo relato de Mauro Cid, apresentar ao mandatário uma leitura sobre o artigo 142, então citado por bolsonaristas para defender o poder moderador das Forças Armadas como um caminho para o golpe de Estado.
Sabe-se hoje que, naqueles dias de dezembro, figuras próximas ao então presidente, segundo apurou a Polícia Federal, discutiam diferentes planos para subverter a democracia. Havia uma minuta golpista em debate, discussões sobre prisão e afastamento de ministros do STF e até um plano de militares das Forças Especiais do Exército para assassinar Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes usando armas pesadas.
“O diálogo já demonstra uma atuação do deputado federal Eduardo Pazuello no sentido de propor uma ruptura constitucional, com fundamento em uma interpretação anômala do artigo 142 da Constituição. Nesse sentido, o colaborador Mauro Cid afirmou, em acordo de colaboração, que o general Pazuello integraria o grupo de radicais que queriam reverter o resultado das eleições”, destacou a PF num relatório enviado a Moraes no início do ano.
Naquele momento, de acordo com Mauro Cid, “Jair Bolsonaro desconversou e não quis nem saber”. Talvez por isso, Pazuello, um dos mais próximos conselheiros militares do ex-presidente, tenha escapado de ser indiciado, nesta quinta, no inquérito do plano de golpe.
O resultado da longa investigação da PF foi apresentado ao ministro do STF e ainda não teve seu conteúdo divulgado pela Corte.
Polícia Federal
A Polícia Federal (PF) indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras 36 pessoas por suspeita de uma tentativa de golpe de Estado para manter o ex-presidente no poder após as eleições de 2022, vencidas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O general Pazuello não está entre os indiciados.
O relatório final com a conclusão da investigação foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) e acusa os indiciados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
Agora, caberá à Procuradoria-Geral da República (PGR), comandada por Paulo Gonet, avaliar as provas apresentadas e decidir se formaliza uma denúncia contra os acusados. Caso isso aconteça, eles iriam a julgamento.
Vinte e cinco dos 37 indiciados são militares. As informações são da revista Veja e do portal de notíciasBBC.