Domingo, 09 de março de 2025
Por Redação O Sul | 9 de março de 2025
Nas imagens é possível ver um homem com uma criança no colo imitando um macaco em direção ao atacante Luighi.
Foto: ReproduçãoO Cerro Porteño, do Paraguai, foi multado pela Conmebol em US$ 50 mil (cerca de R$ 290 mil) e jogará as partidas com portões fechados como punição ao racismo dos torcedores paraguaios contra Luighi, em partida pela Libertadores sub-20. A decisão foi publicada neste domingo (9), e ainda cabe recurso. Jorge Achucarro, treinador da equipe paraguaia, também foi suspenso por duas partidas da competição.
Luighi foi alvo de cusparadas dos torcedores na última quinta-feira (6), em duelo com o Cerro no Estádio Gunther Vogel, na região metropolitana de Assunção, no Paraguai. Ele também relatou ter sido chamado de macaco.
O pagamento da multa deverá ser feito em até 30 dias e punição de jogar com os portões fechados é válida somente para a Libertadores, onde ocorreu o caso de injúria racial. Além disso, o Cerro também deverá publicar, em suas redes sociais, uma campanha de conscientização e de combate ao racismo. Todos os jogadores sub-20 da equipe devem participar da campanha.
O clube paraguaio foi enquadrado em três artigos do código disciplinar da Conmebol:
– 12.2: Qualquer outra falta de ordem ou disciplina que possa ser cometida no estádio ou nas suas imediações antes, durante e no final de um jogo;
– 15.2: Qualquer Associação Membro ou clube cujos torcedores insultarem ou atentarem contra a dignidade humana de outra pessoa ou grupo de pessoas, por qualquer meio, tendo como motivo a cor da pele, raça, sexo ou orientação sexual, etnia, idioma, credo ou origem, será sancionado com uma multa;
– 15.4: A Comissão Disciplinar poderá aplicar sanção inferior à prevista na seção 2 deste artigo, levando em consideração todos os fatores relevantes do caso, incluindo a assistência, o grau de colaboração do infrator ao revelar ou esclarecer a violação de uma norma da CONMEBOL, a identificação dos torcedores, as circunstâncias do caso e o grau de culpa do infrator, tal como qualquer outra informação relevante.
O Cerro Porteño pode recorrer da decisão em até sete dias, a partir de sua publicação. Já o caso de Achucarro, que foi punido por “comportar-se de forma ofensiva, ultrajante ou fazer declarações difamatórias de qualquer natureza” e “insultar, de qualquer forma e por qualquer meio, a Conmebol, suas autoridades, funcionários”, recebeu dois jogos de suspensão, sem possibilidade de recurso.
Luighi foi alvo de cusparadas dos torcedores na última quinta-feira, em duelo com o Cerro no Estádio Gunther Vogel, na região metropolitana de Assunção, no Paraguai. Ele também relatou ter sido chamado de macaco. Pelas imagens da transmissão da TV, foi possível ver um homem com uma criança no colo imitando um macaco em direção ao atacante e ao meio-campista Figueiredo.
Ao final do jogo, Luighi chorou e deu uma entrevista contundente para a Conmebol TV. Ele questionou o repórter da Conmebol, que preferiu perguntar sobre a partida e ignorar os insultos racistas de que foi vítima o palmeirense. “É sério isso? Fizeram racismo comigo. Até quando? O que fizeram comigo foi crime. Você vai perguntar sobre o jogo mesmo? A Conmebol vai fazer o que sobre isso? Você não ia perguntar sobre isso, né? Fizeram um crime comigo. Aqui é formação, a gente tá aprendendo aqui.”
Os atos racistas se iniciaram após o Palmeiras fazer 3 a 0 sobre o Cerro Porteño, por volta dos 35 minutos do segundo tempo. Apesar de os atletas do time brasileiro terem mostrado ao árbitro da partida o que estava ocorrendo na arquibancada, o jogo continuou normalmente até o final e a equipe alviverde venceu por 3 a 0.
Após a partida, clubes, entidades e jogadores se manifestaram a favor de Luighi. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) chegou a pedir que o Cerro fosse excluído da competição, formalizado em um documento de 29 páginas elaborado pelas Diretorias Jurídica e de Governança e Conformidade. A entidade se baseou no protocolo global da Fifa para casos de discriminação, que não foi cumprido pelo árbitro da partida.
A denúncia da CBF chegou ao presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, o qual havia ignorado as ligações de Leila Pereira, presidente do Palmeiras, para falar sobre o caso, segundo a própria dirigente. “Não conseguir falar com ele. A Conmebol está sendo muito displicente. Estou tentando desde ontem e não consegui”, contou. (Estadão Conteúdo)