Ícone do site Jornal O Sul

Cofre na casa de Pelé guarda um museu recheado de relíquias

Considerado o melhor jogador de futebol de todos os tempos, Pelé marcou 1.282 gols na carreira. (Foto: Ricardo Stuckert/CBF)

Os R$ 78 milhões estimados de patrimônio deixado por Pelé para seus herdeiros parecem até pouco diante do jogador que ele foi, o melhor do todos os tempos, uma lenda em todos os continentes e reverenciado por personalidades de todas as áreas, como papas e presidentes americanos, além de colegas lendários como ele de outras modalidades esportivas, como Muhammad Ali, por exemplo. Mas Pelé deixou para seus herdeiros uma coleção única: um museu de relíquias que ganhou ao redor do mundo, em partidas e eventos, nas inúmeras viagens que fez quando jogava, mas principalmente depois que se tornou um garoto-propaganda de marcas do futebol, dele próprio e do Brasil. Uma coleção que pouca gente conhece.

Há na casa onde ele gostava de ficar, no Guarujá, litoral sul de São Paulo, um cofre que reúne todas essas relíquias. Trata-se de um cômodo gigantesco, ao lado do campinho de traves de madeira e grama bem aparada, que guarda a maior parte dos presentes dados a ele em vida. Alguns são memoráveis, como aquele sombreiro mexicano colocado em sua cabeça logo após a decisão da Copa do Mundo de 1970, quando o Brasil se sagrou tricampeão. E o que não faltam são relíquias, ainda não catalogadas.

O local é um quarto de coisas empilhadas que precisariam de dias, ou meses, para serem organizadas, num índice por ordem alfabética e de muita história e valor sentimental. Os presentes estão empilhados, quase que uns sobre os outros, perdidos até, com pouco espaço para andar dentro da enorme área. O cofre conta a história do futebol desde que Pelé surgiu no Santos, e até antes disso, em seus tempos de Bauru Atlético Clube, e de suas andanças pelo mundo. Está tudo ali.

Há também fotos enquadradas de Pelé com reis e rainhas, apertando a mão de presidentes dos Estados Unidos e de papas da Igreja Católica. Há flâmulas de jogos históricos, camisas trocadas com outras lendas do futebol, artefatos de outras modalidades, como as luvas usadas em lutas por Muhammad Ali e dadas ao Rei pelo próprio ex-boxeador.

Pelé se reuniu com celebridades de todas as áreas e continentes, como o beatle John Lennon. Em todos os seus encontros, o brasileiro era reverenciado e recebia presentes, que ele foi guardando. O valor de tudo aquilo, visto pela reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, é inestimável, muito maior do que os milhões de reais deixados de herança aos familiares.

Estava tudo na casa de Pelé, bem guardado e com boa segurança, quando se deu a visita da reportagem, em 2013. Naquele ano, o Rei do Futebol se recuperava de uma cirurgia no fêmur realizada meses antes. Pelé usava uma bengala. Seu fêmur estava na geladeira, dentro de um pote vazio de palmito, presente dado pelos médicos ao maior atleta de todos os tempos. Ele fez questão de mostrar o osso.

Dentro do cofre, a cada presente empoeirado que Pelé pegava nas mãos para mostrar, seus olhos brilhavam, como se sua memória o transportasse para o passado, como se estivesse revivendo o exato momento em que ganhou cada relíquia. Pelé demonstrava saudade do passado, e aquele quarto fazia bem ao Rei. Era seu maior tesouro, muito mais do que o dinheiro que ele deixou para os filhos e para a mulher Márcia, com quem viveu os últimos anos de sua vida.

Parte dessas relíquias agora está exposta no Museu Pelé, em Santos, na região portuária, logo na entrada da cidade, e também no Museu do Futebol, no Pacaembu. O museu foi preservado, com toda a mudança que o estádio sofre em sua reforma. A família Arantes do Nascimento, liderada por Edinho, filho do Rei e ex-goleiro do Santos, tenta reorganizar tudo isso, sem saber ao certo o que fará ainda. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Sair da versão mobile