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A colaboração de pessoas que privavam da intimidade do ex-presidente Lula levou a Operação Lava-Jato a fechar o cerco contra ele

Defesa do ex-presidente eleva tom contra procuradores da Operação Lava-Jato (Foto: Reprodução)

A colaboração de pessoas que privavam da intimidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva levou a Operação Lava-Jato a fechar o cerco contra ele. Nas últimas duas semanas, os depoimentos em vídeo de Emílio Odebrecht e Léo Pinheiro (OAS), dois empresários muito próximos a Lula, agravaram as denúncias contra o petista, e o marqueteiro João Santana, responsável por sua imagem pública desde o escândalo do mensalão, também fechou acordo de delação premiada.

A situação pode piorar se o ex-ministro Antonio Palocci confirmar o aceno que fez ao juiz Sérgio Moro, colocando-se à disposição para colaborar e dar “mais um ano de trabalho” para os investigadores. Após mais de três anos de Lava-Jato, Lula já é réu em cinco ações penais, e a nova leva de delações que o envolve agrava sua situação porque esses delatores fecham algumas pontas soltas de histórias sob apuração. Depois desses depoimentos, a defesa do ex-presidente subiu o tom, estendendo o enfrentamento aos demais procuradores e reforçando as baterias junto a outras instâncias.

O advogado Cristiano Zanin Martins, que defende o ex-presidente Lula, afirmou que tem a impressão de que, na Lava-Jato, advogados de delatores são tratados de forma diferente dos demais defensores. Em uma reação ao tratamento, ele encaminhou à PGR (Procuradoria-Geral da República), na última quarta-feira, um pedido de apuração sobre a conduta dos procuradores, que teriam condicionado a assinatura do acordo de delação do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro a alguma informação que incriminasse Lula. Até agora, o recurso ainda não foi julgado.

“É papel do advogado defender com altivez e independência a legalidade dos atos realizados durante o processo e promover a defesa dos direitos de seus clientes. Na 13ª Vara Criminal de Curitiba, criou-se uma diferenciação entre advogados de defesa e advogados de delatores. Parece que só estes últimos merecem respeito ao trabalho que realizam”, disse Zanin.

Os advogados de Lula já esperavam que, em algum momento, Léo Pinheiro incriminaria o ex-presidente no caso do triplex. Em junho do ano passado, a defesa também pediu à PGR que investigasse a informação publicada pela imprensa de que as negociações da delação do executivo haviam empacado porque ele não estaria ligando Lula a crimes.

Lula nega ser o dono do triplex. Pinheiro, que gozava da intimidade do ex-presidente e participava de happy hours no Instituto Lula, disse que a empreiteira que presidia, a OAS, só entrou na obra do condomínio Solaris porque a unidade pertencia ao ex-presidente. Ele relatou em depoimento ao juiz Sérgio Moro, na quinta-feira passada, que fez adequações para atender ao gosto do petista e de sua mulher e que, como o preço da obra subiu muito, procurou o então tesoureiro do PT João Vaccari para lhe perguntar se podia abater os gastos da conta de propina que tinha com o partido – o que acabou sendo autorizado. (AG)

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