Em meio a indícios cada vez mais fortes de que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), recebeu dinheiro de propina em contas secretas na Suíça, os partidos já cogitam o perfil de um possível substituto no cargo. Há quem avalie que o principal opositor do governo ainda dispõe de força política para se manter no cargo até o limite de sua resistência, mas também não faltam apostas.
Entre diversos integrantes da oposição e até mesmo da base governista, a ideia é de um nome capaz de manter a “independência” em relação ao Palácio do Planalto. Caso contrário, a escolha não terá qualquer respaldo, inclusive do próprio Cunha, que mesmo fragilizado deve seguir influente e com vários colegas sob sua tutela.
“O próximo presidente da Casa precisa ter um perfil parecido com o do atual, e esse apoio será decisivo, pois ninguém se elege sem isso”, ressalta um peemedebista ligado a Cunha.
Picciani
Um nome cogitado por diversos setores é o do líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ). Além de admitir o desejo de ocupar o cargo, ele já se disse preparado para isso. Há, porém, a resistência de segmentos ligados ao próprio Cunha e a outros opositores do governo, pois ele se tornou aliado de primeira hora do Planalto.
Apesar de sua posição de destaque, também se avalia que Picciani está enfraquecido. Primeiro, por não manter o controle sobre sua própria bancada de 66 deputados, hoje com pelo menos 25 dissidentes. Eles se posicionaram contra as suas negociações com o governo durante a reforma ministerial. Segundo, por não conseguir comandar o bloco governista da maioria na Câmara, que tinha 149 deputados de seis partidos. Picciani evita manifestações sobre o tema. “Eu estou fora dessa discussão.”
É no PT que o nome de Picciani ganha mais força. Os seus líderes querem evitar o erro estratégico do começo do ano, quando tentaram emplacar um petista na presidência da Câmara, gerando atrito com a oposição. Desta vez, o plano é apoiar um nome de legenda aliada, porém afinado com a presidenta Dilma Rousseff. “A situação de Cunha é insustentável e Picciani passa a ser o candidato mais forte da base”, defende um petista. (Marcello Campos com agências)