O excesso de colesterol no sangue é um fator de risco significativo para doenças cardiovasculares. Além dos conhecidos efeitos sobre a saúde do coração, novos estudos médicos estão revelando uma relação preocupante entre o colesterol alto e problemas oculares. No Brasil, cerca de 4 em cada 10 pessoas adultas têm este diagnóstico e mais de um quarto das crianças já apresentam níveis elevados, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia.
De acordo com Núbia Vanessa, oftalmologista do CBV-Hospital de Olhos, o problema pode afetar os olhos de várias maneiras, incluindo a formação de depósitos lipídicos nos vasos sanguíneos da retina, o que pode levar a condições como a retinopatia e a oclusão da veia central da retina.
“Esses problemas podem resultar em visão turva ou perda súbita de visão, destacando a importância de manter níveis saudáveis de colesterol não apenas para a saúde cardiovascular, mas também para a saúde ocular”, ressalta a especialista.
Além disso, o colesterol elevado está associado ao desenvolvimento da degeneração macular relacionada à idade (DMRI), uma das principais causas de cegueira em adultos mais velhos. “É essencial que as pessoas entendam que o controle do colesterol não se limita a evitar problemas cardíacos, mas também a preservar a visão”, afirma Núbia.
Vilão?
“O colesterol não é apenas um vilão. É um conjunto de gorduras essencial para o correto funcionamento do organismo, mas quando atinge níveis elevados pode se tornar um problema sério de saúde. Precisamos dele, mas em equilíbrio, pois desempenha papel importante na composição das estruturas das células do coração, intestino, músculos, pele, fígado, nervos e cérebro, além de atuar na produção de hormônios e formação dos ácidos biliares, que ajudam na digestão das gorduras”, explica professor Durval Ribas Filho, médico nutrólogo, Fellow da Obesity Society FTOS – USA e Presidente da ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia.
Para o especialista, é necessário estar alerta. O colesterol alto é silencioso, não apresenta sintomas e a única forma de diagnóstico é dosar seus níveis sanguíneos. “É um exame simples de sangue, que deve fazer parte de todo check-up, pois quanto mais cedo se detecta que as taxas não são as recomendadas, aumentam as chances de tratamento”, detalha.
O colesterol alto pode ser determinado por fatores genéticos e ambientais, como hábitos alimentares, sedentarismo e obesidade. Estima-se que 30% deste aumento estão relacionados a uma alimentação inadequada. “Colesterol fora de controle é sinal de risco, principalmente para o coração, pois pode aumentar as chances de um AVC (Acidente Vascular Cerebral) ou infarto. As doenças cardiovasculares são as principais responsáveis pelos óbitos no Brasil”, ressalta Ribas Filho, que pontua respostas para as principais questões sobre o assunto.
Colesterol é do bem ou do mal?
É um tipo de gordura que necessita se ligar a uma proteína para ser transportado no sangue. Quando forma a lipoproteína de baixa densidade é chamado de LDL (Low Density Lipoprotein), conhecido como o “mau colesterol”, que é levado do fígado para os tecidos, o que facilita seu depósito nas paredes das artérias, formando placas que podem causar uma obstrução do fluxo sanguíneo e, consequentemente, doenças cardiovasculares, além de complicações na aorta, demência e derrame cerebral.
A lipoproteína de alta densidade é o HDL (High Density Lipoprotein), o chamado de “bom colesterol”, que carrega o colesterol dos tecidos do corpo para o fígado, que o elimina através da bile, numa “limpeza” do organismo, o que evita o entupimento das artérias. Suas partículas são formadas não só no fígado, como no intestino e na circulação e servem de proteção ao organismo.