Sábado, 30 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 7 de outubro de 2020
Em municípios grandes, 73,3% da população é atendida
Foto: ReproduçãoEnquanto 73,3% da população das 100 maiores cidades do Brasil tem acesso à coleta de esgoto, apenas 32% dos habitantes de municípios médios contam com o serviço. A disponibilidade de água tratada também é bem maior nas maiores cidades, com 93,3% contra 76,6%.
O levantamento faz parte do “Painel Saneamento Brasil”, projeto do Instituto Trata Brasil, com base nos dados mais recentes disponíveis pelo SNIS (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento), de 2018. O programa serve para monitorar de forma individualizada os níveis de saneamento básico em cidades brasileiras, para que a sociedade civil pressione o poder público por melhorias.
Nesta quarta-feira (07), o Trata Brasil publica os resultados de seu terceiro grupo de estudo. Em 2019 foram divulgados dois lotes de municípios. No primeiro, foram agregados indicadores das 254 maiores cidades do País. No segundo, apresentaram outros 588 locais que vinham na sequência.
Desta vez, foram abertos os dados de 251 municípios, em 21 estados e das cinco regiões do país. Esse novo extrato é composto por cidades de 50 mil a 140 mil habitantes.
Ao todo, os 839 municípios com dados abertos pelo instituto representam 70% da população do país, o que equivale a 145 milhões de pessoas.
Diferentes perfis
Pelos números organizados pelos instituto, as 251 novas cidades reúnem 10,6 milhões de habitantes. Em números absolutos, havia quase 2,5 milhões de pessoas sem água tratada e 7,2 milhões sem coleta de esgoto nesses locais.
O comparativo com cidades grandes preocupa, segundo o instituto, porque essas “carências” refletem em indicadores socioeconômicos. Segundo a nota do Trata Brasil, foram 6,7 mil internações por doenças de veiculação hídrica neste grupo de 251 cidades em 2018, uma incidência de 6,26 casos por 10 mil habitantes.
Na lista, há tanto cidades com o saneamento resolvido como outras muito aquém da média nacional. Poá (SP), por exemplo, tem os serviços universalizados: 100% de acesso a água tratada e 100% de coleta de esgoto. Já Ipojuca (PE) tem apenas 63% e 14,5%, respectivamente.
Para o presidente executivo do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos, o único fator que aproxima as cidades da nova lista é, de fato, o número de habitantes. Os resultados de eficiência no saneamento, diz, têm ligação com desenvolvimento regional e PIB (Produto Interno Bruto) per capita, tão diferentes entre as regiões do País.
Além disso, ele explica, pequenos municípios tendem a ser os últimos da fila de investimentos porque o modelo de financiamento dependia de repasse de empresas públicas. As cidades grandes, nesse molde, têm mais força econômica para brigar por recursos.
A média do Brasil é de 83,6% de acesso a água e 53% de coleta de esgoto. São números que sobem lentamente. Em 2013, cinco anos antes dos dados apresentados, as médias eram de 82,5% e 48,6%.