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Collor é suspeito de levar propina em obra da BR

Abertura de inquérito foi autorizada pelo ministro Teori Zavascki em maio. Senador sempre negou ter recebido propina de empresas ou pessoas. (Foto: Renato Costa Frame/AE)

O senador e ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTC-AL) é alvo de inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeitas de ter recebido propina em um contrato de construção do prédio da BR Distribuidora em Salvador (BA) em 2013. A suspeita é de que ele tenha cometido o crime de corrupção passiva.

O inquérito, a sexta investigação de Collor no âmbito da Operação Lava-Jato, foi autorizado no último dia 13 de maio pelo ministro Teori Zavascki, relator da operação no STF. A investigação está em andamento na Polícia Federal.

De acordo com dados da apuração, que perdeu o segredo de Justiça em razão de uma decisão do ministro, a apuração se baseia na delação premiada do ex-diretor da Petrobas e da BR Distribuidora Nestor Cerveró.

Cerveró relatou que foi procurado pelo empresário baiano Paulo Roberto de Oliveira, interessado em aproveitar a valorização do escritório da BR Distribuidora na Bahia. A proposta era que a empresa tivesse um novo prédio, com especificações definidas para atender a subsidiária.

O negócio ficou 60% com a OAS e 40% com Paulo Roberto de Oliveira, segundo a delação. De acordo com Cerveró, ele próprio receberia R$ 500 mil de propina e outro diretor da BR, Vilson Reichenbach, mais R$ 500 mil.

Segundo o ex-diretor, o ex-ministro de Collor, Pedro Paulo Leoni Ramos, que era o operador de Collor na BR Distribuidora, acertou propina com Leo Pinheiro, da OAS “em valores que não sabe precisar, em nome de Fernando Collor”.

“A BR era um feudo de Collor desde 2009, quando sua presidência e duas diretorias foram entregues pelo presidente Lula a Collor”, contou Cerveró.

Desde que teve o nome envolvido em investigações no âmbito da Lava-Jato, Collor sempre negou ter recebido dinheiro de empresas e pessoas. Na última semana, por meio de sua assessoria de imprensa, o senador disse repudiar os termos da delação premiada de Cerveró. “O senador repudia os termos da delação do criminoso confesso Nestor Cerveró,
que são absolutamente mentirosos no que lhe dizem respeito”, diz a nota.

PGR

Ao pedir a investigação, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apontou que as declarações de Cerveró “são ricas em detalhes, fazendo referência a diversas circunstâncias e pessoas possivelmente envolvidas. Ademais, o parlamentar em questão já foi denunciado justamente por integrar organização criminosa voltada à corrupção e à lavagem de dinheiro no âmbito da BR Distribuidora”.

“Há nos autos, portanto, um conjunto suficiente de elementos a justificar a instauração do inquérito para integrar apuração da hipóstese fática específica aqui mencionada”, relata o procurador.

Janot pediu, e foram autorizadas por Teori, diligências que envolvem o envio da documentação da obra em Salvador pela BR Distribuidora, além dos depoimentos de Collor, Pedro Paulo, Léo Pinheiro, Paulo Roberto de Oliveira e Vilson Reichembach. (Mariana Oliveira/AG)

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