Sexta-feira, 15 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 13 de janeiro de 2017
Gabriel García Morales, vice-ministro de Transportes da Colômbia durante o governo de Álvaro Uribe (2002-2010), foi detido sob a acusação de receber propina da Odebrecht, segundo a Procuradoria do país. Ele deve ser denunciado por corrupção passiva, enriquecimento ilícito e prevaricação.
García Morales é o primeiro detido na Colômbia devido ao escândalo de corrupção da Odebrecht. O ex-vice-ministro é suspeito de facilitar o acesso do grupo à construção do setor 2 da Estrada do Sol, um trajeto de mais de 500 quilômetros que liga o centro do país à Costa do Atlântico e ao Caribe. O contrato foi firmado em janeiro de 2010, durante o governo de Álvaro Uribe, e segue em execução.
Segundo a investigação, como titular do Instituto Nacional de Concessões, García Morales se encarregou de excluir os demais competidores para entregar a obra à Odebrecht. “A Procuradoria tem evidências de que o senhor García recebeu 6,5 milhões de dólares para garantir que a Odebrecht fosse selecionada”, afirmou o procurador-geral do país, Néstor Humberto Martínez. “Os pagamentos para se vencer a concorrência foram executados pela Odebrecht no Brasil, através do departamento de operações estruturadas do grupo.”
Departamento de Operações Estruturadas era o setor da Odebrecht encarregado de pagar propinas, segundo investigações da Lava-Jato. Martínez afirma que o grupo brasileiro solicitou um princípio de acordo “com o objetivo de colaborar com o processo e obter imunidade”. Em dezembro, a Colômbia havia anunciado o cancelamento dos contratos com a Odebrecht em que se comprovem atos de corrupção.
A Promotoria condicionou o acordo ao pagamento de 32 bilhões de pesos (cerca de 35 milhões de reais) como reparação aos danos causados à administração pública colombiana – o que foi aceito pela Odebrecht. O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, pediu ao Ministério Público que acelere as investigações sobre eventuais subornos a funcionários colombianos por parte da Odebrecht.
“Necessito que investiguem se alguém do meu governo recebeu suborno para poder metê-lo na cadeia o mais rápido possível”, afirmou Santos.
O presidente colombiano admitiu ter se encontrado com o presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht – o único executivo da empresa a permanecer preso no Brasil –, na Cúpula das Américas de 2015, celebrada no Panamá. Ele qualificou o encontro de uma reunião comum com investidores. (AG)