Quinta-feira, 06 de março de 2025
Por Redação O Sul | 24 de junho de 2019
Pelo menos 113 chefes de facções criminosas de quatro Estados diferentes foram transferidos dos presídios locais para penitenciárias federais no primeiro semestre deste ano. Os últimos 30, todos do Pará, foram nesta última semana de junho, em operação que contou com o apoio da FAB (Força Aérea Brasileira), conforme anunciou o ministro da Justiça, Sérgio Moro, em sua conta no Twitter. Além deles, já foram transferidos 35 do Ceará em janeiro, 22 de São Paulo em fevereiro e 26 do Amazonas, em maio. As informações são do jornal O Globo.
Segundo o Ministério da Justiça, as transferências são importantes para isolar bandidos influentes dessas facções criminosas. “Durante a madrugada, a pedido do governo do Pará, o MJSP/DEPEN transferiu 30 lideranças criminosas daquele Estado para presídios federais. Agradeço ao competente apoio da FAB. A transferência desarticulou a organização criminosa e preveniu possível rebelião prisional”, escreveu Moro. MJSP é a sigla para Ministério da Justiça e Segurança Pública e Depen é o Departamento Penitenciário Nacional.
No começo do ano, o Ceará foi palco de uma onda de ataques que, segundo o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas) do Ministério Público do Estado, foram orquestrados por detentos. Em 9 de janeiro, o Ministério da Justiça informou que 20 presos do Ceará foram transferidos para a penitenciária federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Dois dias depois, outros 15 também tiveram o mesmo destino, totalizando 35.
Em fevereiro, 22 presos de uma organização criminosa paulista foram transferidos para presídios federais. A medida foi tomada em cumprimento a uma decisão da Justiça paulista. Posteriormente houve remanejamento dentro do próprio sistema. Em março, o líder Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, saiu da unidade de Porto Velho e foi transferido para Brasília. A medida desagradou ao governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, que chegou a acionar a Justiça pedindo o fechamento do presídio federal de Brasília.
Em maio, após um massacre em prisões em Manaus, foram feitas novas transferências . Nove presos de facções de São Paulo e Rio de Janeiro sem ligação com as mortes foram os primeiros. No caso deles, já havia pedido de transferência havia mais de uma ano, em decorrência de outras chacinas ocorridas em presídios amazonenses. Depois, foi a vez de outras 17 lideranças criminosas locais diretamente envolvidas no massacre ocorrido em maio deste ano .
O Brasil possui cinco penitenciárias federais, localizadas em Catanduvas (PR), Mossoró (RN), Porto Velho (RO), Campo Grande (MS) e Brasília (DF). Este ano, o Ministério da Justiça adotou algumas medidas endurecendo suas regras. As visitas sociais com contato físico foram proibidas, sendo possíveis apenas por parlatórios, em que um vidro separa o preso do visitante, e videoconferência. Para Moro, isso dificulta a transmissão de ordens dos chefes de facções criminosas.