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Economia Com a disparada do dólar, o Banco Central deve aumentar o ritmo de alta dos juros

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Com preocupações fiscais e o dólar nas alturas, a expectativa é de que Copom eleve a taxa Selic em 0,50 ponto percentual. (Foto: Beto Nociti/Banco Central)

O Banco Central (BC) deve pisar no acelerador e aumentar o ritmo de alta de juros na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) desta semana, a primeira reunião após a aprovação de Gabriel Galípolo para comandar a instituição em 2025. Com preocupações fiscais e o dólar nas alturas, a expectativa é de que Copom eleve a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, de 10,75% para 11,25% ao ano, nesta quarta (6), de acordo com as expectativas do mercado. A decisão deve unir os nove diretores, inclusive Galípolo e o atual presidente, Roberto Campos Neto.

Em setembro, o comitê retomou o ciclo de alta com um aumento de 0,25 pp. De lá para cá, o cenário é de inflação mais acentuada, com a alta do dólar, e há mais ceticismo com o ajuste fiscal. No último encontro do Copom, o câmbio considerado foi de R$ 5,60, mas a moeda americana fechou em quase R$ 5,87 na sexta-feira passada, o segundo maior valor nominal da história.

A fraqueza do real é resultado de aspectos externos e locais. No âmbito internacional, pesam as dúvidas sobre o resultado das eleições americanas, especialmente devido ao crescimento das chances de vitória do republicano Donald Trump. Aqui, sem novidades sobre um pacote de medidas para conter a expansão dos gastos públicas, aumentaram os temores em relação à sustentabilidade do arcabouço fiscal e da dívida.

Além disso, dados no Brasil reforçaram um cenário de economia sobreaquecida, o que tende a elevar os preços. As expectativas de inflação se distanciaram ainda mais da meta de 3,0%. Para 2024, o mercado financeiro passou a prever estouro do limite superior da meta, de 4,5%. Para 2025, subiu de 3,95% para 4,0%. Já para o final de 2026, a mediana é de 3,60%.

Economia aquecida

Na Tendências Consultoria, a expectativa é de aumento da Selic a 11,25% nesta semana, seguido de mais duas altas de 0,50 ponto percentual e uma de 0,25 pp, encerrando o ciclo de aperto monetário em 12,50%.

“Com essa piora adicional de ambiente na margem e a renovação dos números fortes do mercado de trabalho, o Copom precisa dar uma resposta mais firme. Ou seja, acelerar o ritmo de aperto é o que deve ser feito agora”, explica o sócio da consultoria Silvio Campos Neto.

Para o economista, além do mercado de trabalho, o Copom deve destacar a deterioração dos ativos brasileiros, principalmente do câmbio.

“Lá fora, o mês de outubro foi mais negativo, com os temores de um Fed mais cauteloso e o ‘Trump trade’. No mínimo, o BC deve alertar para estas maiores incertezas externas, que voltaram a pesar. O câmbio pressionado com economia aquecida e expectativas desancoradas é sempre mais perigoso para a inflação.”

Nesse contexto, Silvio Campos Neto avalia que o comitê deve dar algum sinal de que é mais provável seguir no ritmo de 0,50 pp nos encontros seguintes, mas evitando um maior comprometimento.

A Terra Investimentos também espera que Selic atinja 11,25% nesta quarta, mas passou a prever um aumento para 13,00% até o fim do ciclo diante da economia sobreaquecida, do “persistente” descolamento das expectativas de inflação e “da falta de visibilidade em relação à política fiscal”.

A instituição também pontua que a nova composição do Copom anda precisa ser testada. Na prática, nesta reunião, o BC terá dois presidentes aprovados, embora só um empossado — algo inédito.

Indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Galípolo recebeu o aval do Senado para comandar a autoridade monetária, mas só vai assumir o cargo após o fim do mandato de Campos Neto, em 31 de dezembro. Em janeiro, também devem chegar ao BC três novos diretores, e as indicações de Lula ao órgão serão maioria.

Para o economista-chefe da Terra Investimentos, João Mauricio Rosal, a conjuntura atual indica uma unanimidade da decisão sobre a Selic, o que trará pouca informação sobre a nova diretoria.

“Minha preocupação maior é quando esses novos passarem a ter maioria, no inicio do próxima ano”, disse, sobre possível interferência de Lula.

O economista da Tendências afirma que todos os membros do Copom devem estar igualmente preocupados com o cenário atual:

“A responsabilidade é de todos e até aqui o Galípolo demonstra estar ciente disso. Mas claro que incertezas sobre o comportamento do BC ao longo do tempo ainda persistem.”

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