Com a situação regularizada, surgem agora questões sobre o futuro do X no País. Para Bruna Martins, do Grupo Consultivo Multissetorial do Fórum de Governança da Internet das Nações Unidas, será necessário observar, primeiro, se a empresa vai manter seu representante no Brasil.
“Se tem uma coisa que o X não demonstrou nos últimos anos foi alguma consistência na relação com autoridades. Vale esperar e observar os próximos movimentos. Só a indicação de um representante jurídico não basta.”
O futuro da plataforma em território nacional também pode carregar resquícios do embate entre o empresário Elon Musk e o ministro Alexandre de Moraes envolvendo perfis bloqueados.
“É difícil que personagens como esses (suspensos da plataforma) parem de tomar os condutos que estão tomando. Esse é um conflito que vai continuar. A questão é: qual vai ser a postura do X com o ressurgimento desse conflito?”, questionou o professor Guilherme Klafke, do Centro de Ensino e Pesquisa em Inovação da FGV Direito SP.
Ainda assim, qualquer relação futura coloca o STF em uma posição de força perante os caprichos de Musk. O Brasil, como um mercado relevante para redes sociais, exerce um impacto na plataforma.
O movimento colocou ainda o País mais próximo de decisões da União Europeia, que tem uma lei específica para regular a conduta de redes sociais.
“Para a Justiça brasileira, é uma vitória, porque você demonstra a força das medidas do Judiciário contra uma empresa que abertamente desafiou as decisões judiciais. O Brasil tem muitas ferramentas jurídicas que permitem dar dor de cabeça para o X e para o Elon Musk”, disse Klafke.
Uma outra sombra sobre a rede é se os usuários vão voltar para o X. Durante o período de bloqueio, as pessoas se distribuíram entre o Bluesky, que atingiu dez milhões de usuários, e o Threads, que não teve números divulgados sobre a migração de brasileiros.
Na avaliação de especialistas, as ferramentas e as comunidades já estabelecidas devem fazer com que haja um retorno em massa à plataforma. Além disso, e mais importante: a possibilidade de monetização de conteúdo.
“Quando a plataforma tem algum tipo de monetização, ela tem um estímulo dos criadores para continuarem nessa plataforma”, disse João Finamor, professor de Marketing Digital da ESPM. (Análise/Bruna Arimathea/O Estado de S. Paulo)