A Gol vai retomar as operações para os Estados Unidos a partir de 4 de novembro. A companhia — que suspendeu as linhas para o país em fevereiro de 2016 — terá voos diários partindo de Brasília e Fortaleza para a Flórida. Cada uma das duas cidades terá duas saídas por dia, uma para Miami e outra para Orlando, já utilizando os novos aviões Boeing 737 Max, que começam a ser entregues à empresa a partir de julho. A decisão vem impulsionada pela retomada na demanda internacional, explica Eduardo Bernardes, vice-presidente de vendas e marketing.
“Já percebemos maior crescimento no número de viajantes internacionais. E o sul da Flórida é um destino de grande concentração de brasileiros. Estamos retomando as operações para os EUA em um cenário e com um planejamento diferentes de quando deixamos de operar os voos em 2016. Saindo de Brasília e Fortaleza, os voos são mais curtos e oferecem mais opções de preço e conexão aos viajantes, que poderão embarcar de aeroportos mais centrais, como Santos Dumont (RJ) e Congonhas (SP)”, destaca o executivo.
Reabrir as rotas para os EUA reforçam a corrida pela expansão no mercado internacional, segmento em que a Gol está perdendo terreno. Suas três concorrentes voam para cidades americanas. Líder em operações no segmento doméstico no país, com 36,5% de participação de mercado, segundo dados divulgados pela Agência Nacional de Aviação Civil referentes a novembro de 2017, a Gol é a terceira colocada no internacional entre empresas aéreas do Brasil, com uma fatia de 10,7%, tendo sido ultrapassada em maio do ano passado pela Azul, que detém 11,9% do mercado. A Latam vem na frente, com 71,2%. E a Avianca está decolando em linhas para o exterior, saltando praticamente do zero, no início do ano, para 6,1% em novembro.
Entre janeiro e novembro, a dentada da Gol no mercado internacional encolheu em 10,3%; a da Latam, em 4,1%. Na direção contrária, a Azul registrou expansão de 26,1% e a Avianca disparou. Entre 2015 e 2016, as companhias enxugaram a oferta, num esforço para recuperar a perda e receita em consequência à crise. Os ganhos caíram pelo freio no turismo de negócios e com a alta do câmbio, as operações em dólar passaram a onerar a operação. Trabalhando para reduzir o endividamento, a Gol reestruturou sua malha de voos, concentrando a malha internacional em voos na América do Sul e Caribe.
Até setembro de 2017, dado mais recente divulgado pela Gol, a demanda internacional por voos da empresa ficou estável, enquanto a oferta encolheu em 2,7%. No terceiro trimestre, contudo, houve alta de 10,1% na demanda e de 9,1% na oferta, indicando movimento de recuperação no movimento. Bernardes destaca a expansão das operações para destinos na América do Sul, com a abertura de novas linhas para o Chile e de voos de diversas cidades do Nordeste para a Argentina, por exemplo.
Vale lembrar ainda que estão em discussão no país uma série de acordos de céus abertos — liberando o limite de voos entre o Brasil e outra nação — incluindo com os Estados Unidos. A Gol está entre as empresas que defende a liberalização.
As novas rotas para os EUA — com passagens à venda já nesta segunda-feira, data em que a companhia comemora 17 anos de mercado — serão iniciadas com os novos Boeing 737 Max. Com uma frota de 120 aviões Boeing 737, a Gol anunciou no ano passado um pedido adicional de 120 aeronaves do novo modelo, com previsão de entrega completa até 2028.
“Os primeiros 25 novos aviões chegam entre este ano e 2020. O Boeing 737 Max garante maior competitividade porque tem melhor eficiência operacional. O consumo de combustível fica entre 12% e 14% menor que o do avião que usamos hoje. Isso vai permitir oferecer tarifas menores”, diz o vice-presidente.
Bernardes não adiantou qual será o valor da tarifa da Gol nos voos para a Flórida. Segundo o buscador Kayak, o preço das passagens Rio-Miami, com ida no dia 4 e retorno em 13 de novembro, sai a partir de R$ 2.147.
A escolha de Fortaleza reflete ainda a escolha da cidade como hub (centro de distribuição de voos) no Nordeste pela Gol em parceria com Air France-KLM. Segundo a companhia, a capital cearense foi escolhida pelo potencial econômico e a localização, permitindo conexões mais rápidas e eficientes. O tempo médio de conexão para quem voar de outras cidades via Brasília ou Fortaleza para os EUA é estimado em 50 minutos. O trecho internacional se estende por perto de oito horas para Orlando e em torno de sete horas e meia para Miami.