Quinta-feira, 14 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 2 de setembro de 2024
Os interesses do bilionário Elon Musk estão muito além da rede social X, sucessora do Twitter e que foi tirada do ar no Brasil por decisão judicial. Sob o guarda-chuva do magnata estão empresas como Tesla, de carros elétricos, Neuralink, de neurociência, SpaceX, de foguetes, e a Starlink – a maior operadora de banda larga via satélite do País e que está, desde 18 de agosto, com as contas bloqueadas para pagar penalidades impostas ao X.
No Brasil, a Starlink conseguiu, em um par de anos, tornar-se a maior operadora de banda larga via satélite, um mercado com 471 mil acessos da modalidade. Em maio, a empresa alcançou 42,5% de participação no serviço, com mais de 200 mil clientes, desbancando a líder anterior, a Hughesnet, que ficou com fatia de 38,1% (179 mil), segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Em junho, a Starlink já registrava 215,5 mil clientes.
A Starlink acabou envolvida no processo da rede X no Supremo Tribunal Federal (STF). Por decisão do ministro Alexandre de Moraes, as contas da Starlink foram bloqueadas no dia 18 de agosto para pagar penalidades impostas à rede social X. A medida é questionada por juristas, pois embora as empresas pertençam ao mesmo grupo econômico, a corresponsabilidade pode não ser automática.
A assinatura básica da internet da Starlink custa a partir de R$ 184, enquanto da Hughesnet é R$ 189 por mês. A cobertura é nacional, sendo que a Starlink tem foco principalmente na região amazônica.
“Todo o fluxo de informações, seja das Forças Armadas, seja da área de saúde pública, seja das delegacias de polícia, de escolas, enfim, toda a conexão é feita através do [sistema de satélites de] Musk. Ele detém, então, o poder de apagar a Amazônia e provocar um colapso. Além disso, ele tem contratos também com as Forças Armadas e com algumas áreas da justiça. É muito mais do que a exploração do lítio”, disse o professor da Universidade Federal do ABC, Gilberto Maringoni, à Agência Brasil, em abril.
Para avaliar a velocidade de ascensão da empresa de Musk, o conselho diretor da Anatel conferiu direito de exploração ao sistema de satélites não geoestacionários Starlink à Space Exploration Holdings, para operação no Brasil por meio de seu representante legal, a Starlink Brazil Holding, em janeiro de 2022 até 28 de março de 2027. A autorização, também para a Swarm, subsidiária da SpaceX, é sem direito à proteção e sem causar interferências prejudiciais nos sistemas não geoestacionários Kepler, em banda Ku, e O3b, em banda Ka.
A trajetória da Starlink mostra a aceleração do negócio no País. Em 2023, a Starlink alcançou 15,8% do mercado de banda larga via satélite, enquanto a Hughesnet estava no topo, com 53,6%. Cerca de um ano depois, a Starlink já se tornava líder do serviço.
Com a autorização vigente, a Starlink pretendia colocar em operação uma rede de 4.408 satélites nas bandas Ku e Ka, meta que já alcançou. A frota brasileira total está em torno de 10.500 satélites, somando todas as operadoras, segundo a Anatel.
De acordo com a agência reguladora, qualquer alteração nas quantidades de satélites dos sistemas não geoestacionários exige nova autorização.