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Brasil Com atraso, vacina contra covid para crianças de 6 meses a 3 anos incompletos chega aos Estados na semana que vem

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Com aplicação em três doses, imunizante contemplará inicialmente apenas os pequenos com comorbidades. (Foto: Healthmatters.nyp.org)

As vacinas contra covid para crianças de 6 meses a 3 anos incompletos serão distribuídas aos Estados a partir da semana que vem, de acordo com informação do Ministério da Saúde. Apesar de a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ter dado o aval ao procedimento há cerca de 45 dias, o início da aplicação foi atrasado pela falta da versão pediátrica da Pfizer – único imunizante aprovado para essa faixa etária no País.

Não foram detalhadas a respectiva cota de ampolas para cada unidade federativa. O governo brasileiro recebeu a primeira remessa (1 milhão de doses) do fármaco no final de outubro. Desde então, a pasta da saúde publicou nota técnica liberando a aplicação e listando os cuidados a serem tomados na campanha.

A recomendação inicial é de que a vacina seja destinada apenas para crianças com comorbidade, restrição que gerou críticas por parte de especialistas em saúde. Confira algumas das diretrizes a serem adotadas para o público infantil, conforme cada subdivisão etária:

– Pfizer é recomendada entre 6 meses e 3 anos incompletos (2 anos, 11 meses e 29 dias), desde que o pequeno cidadão tenha doença crônica;

– Para quem não apresenta comorbidade a inclusão na campanha será avaliada após a aprovação pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec). Ainda não há uma previsão de data.

– Uma das diferenças em relação aos demais públicos é que na faixa de 6 meses a 3 anos incompletos o imunizante é administrado em três etapas. Para os demais fármacos, são duas injeções ou apenas uma (Janssen), embora esta última não esteja disponível para menores de 12 anos.

– Coronavac é recomendada para crianças com 3 ou 4 anos;

– Ambos os imunizantes podem ser aplicados a partir dos 5 anos.

Demanda

A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo informou que requisitou 615 mil doses do imunizante da Pfizer ao Ministério da Saúde e que aguarda o envio pelo governo federal para definição do início da vacinação de crianças entre 6 meses e 2 anos.

Um integrante da pasta informou ao Estadão que um primeiro pedido foi enviado na última semana e outro, mais recente, nos últimos dias. Mas ainda não houve uma comunicação formal do ministério sobre quando exatamente as doses serão entregues ao Estado ou quantas serão.

A população de crianças de 6 meses a 2 anos em São Paulo é de 1.379.736. Com o quantitativo solicitado, de 615 mil doses, o governo estima que as crianças nessa faixa etária com pelo menos uma comorbidade – cerca de 195 mil – podem ser vacinadas com as três doses recomendadas.

No entendimento do governo paulista, todas as crianças de 6 meses a 2 anos deveriam ser imunizadas. Porém, como não deve haver vacinas suficientes neste primeiro momento, o Estado segue a recomendação do Ministério da Saúde de priorizar quem possui comorbidade.

Atualmente, a campanha de vacinação contra covid-19 no Estado de São Paulo já contempla todas as crianças de 3 e 4 anos de idade. A imunização avançou nessa faixa etária, informou o governo estadual, devido à doação de 2 milhões de doses da vacina Coronavac realizada pelo Instituto Butantan, em setembro deste ano.

Questionamentos

A estratégia de destinar as doses apenas para crianças com comorbidades foi alvo de críticas por especialistas. Em nota conjunta, as sociedades Brasileira de Pediatria (SBP) e de Imunizações (SBIm) “endossam a recomendação da Câmara Técnica Assessora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) da imediata incorporação da vacina Comirnaty (Pfizer) para todas as crianças brasileiras de 6 meses a 4 anos”.

Anda conforme as entidades, “a nota técnica do Ministério da Saúde não atende a recomendação da câmara técnica, portanto fomos surpreendidos pela publicação”.

O médico Renato Kfouri, diretor da SBIm e um dos consultores na tomada de decisões do governo federal quanto à imunização, avalia que a restrição atrapalha a vacinação nos municípios, que nem sempre conseguem identificar quem são as crianças com comorbidades: “Não sabemos esses denominadores para cálculo dessas coberturas. A recomendação é de vacinação universal”.

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