As pessoas podem até não se dar conta sobre Maurício de Sousa, mas para que os seus 400 personagens ficassem conhecidos no Brasil e outros países, ele também precisou trilhar uma jornada como empresário, na qual ainda segue ativo aos 88 anos.
Em 2023, sua principal personagem, Mônica, inspirada em uma de suas filhas, completou 60 anos. Mas a história de trabalho de Maurício começou alguns anos antes. “Fui indo, indo, ganhando espaço, vivendo os resultados.” Claro que não foi fácil como ele faz parecer.
A trajetória profissional de Maurício de Sousa é contada no livro recém-lançado Crie de Manhã, Administre à Tarde: Os Segredos Empresariais por Trás do Gênio (Maquinaria Editorial), assinado pelo próprio, em parceria com Renata Sturm e Guther Faggion. A frase que dá título à obra foi dita pelo pai de Maurício, como um incentivo para que o filho, além de criar artisticamente, conseguisse pensar administrativamente.
É uma espécie de biografia focada no Maurício empresário. De acordo com Renata e Guther, é uma maneira de mostrar um lado do quadrinista que costuma ser ignorado. “Quando fomos apresentar o livro finalizado, ele leu e falou para a gente: finalmente vocês conseguiram responder à pergunta que todo mundo me faz, sobre os segredos da minha história”, diz Renata. Como ele levou uma empresa familiar a ser tão longeva e alcançar tanto sucesso?
Família
“Pode parecer engraçado, mas a gente tinha um interesse muito particular em fazer esse livro porque nós temos uma empresa de criatividade, que também é familiar. Viemos de famílias que têm gerações de empreendedores”, comenta Renata sobre uma das motivações iniciais. Ela e Guther são sócios na Maquinaria, editora responsável pela publicação.
“Quando fui conhecer o estúdio e toda a equipe, a primeira coisa que me marcou foi a questão geracional, de ter pessoas trabalhando lá há 50 anos, e uma garotada também”, continua. “Mas tem uma outra razão: nós acreditamos que, infelizmente, existem poucos empreendedores no Brasil que têm suas histórias registradas”, diz.
Maçãs
O livro é dividido em capítulos que representam, cada um, um valor que os autores e o quadrinista consideraram importantes. “Falar dessa forma me conectou com a geração do Maurício, que tem muito essa ideia de que os valores são essenciais para a vida”, explica Guther.
O primeiro deles, como não poderia deixar de ser, é a criatividade, maior combustível da MSP. Os autores não se referem apenas à criação dos personagens, mas também às várias maneiras criativas que Maurício encontrou para administrar a empresa.
Quer um exemplo desse valor na prática? Além de vender revistas, livros, a sua empresa tem parceria com outras 200 companhias que são licenciadas para vender mais de quatro mil produtos da marca. O caso que se tornou mais popular é o das maçãs da Turma da Mônica.
Seu Maurício conta que quando duas filhas eram pequenas, elas não conseguiam levar maçãs em tamanho normal dentro da lancheira, por não caberem. “Um dia eu fui a Santa Catarina e vi umas maçãzinhas bonitinhas, perguntei para quem ele vendia, e ele disse que não vendiam, que eram servidas como alimentação para os bichos”, lembra.
Então, ele pediu para o produtor para vender as maçãs com a marca da Turma da Mônica. “Minhas filhas vão amar, cabem na lancheira”, conta rindo. Atualmente, a produção das frutas chega a 1,7 mil toneladas, vendendo cerca de 850 mil pacotes por mês.
Atualmente ele tem um dos maiores estúdios de produção de quadrinhos do planeta, chegando a vender mais de 2,5 milhões de livros por ano. A pesquisa realizada por Renata e Guthe aponta que a MSP vendeu, apenas em 2022, 12 milhões de revistas. Se os quadrinhos ensinaram tantos brasileiros a ler, o novo livro pode inspirar outros tantos a empreender.