Ao ir a Paris para representar o governo brasileiro na abertura dos Jogos Olímpicos, a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, levou consigo pelo menos sete assessores. Três deles são integrantes da Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom), três são lotados no Gabinete Pessoal do Presidente da República – inclusive a assessora de imprensa de Janja – e um pertence ao Cerimonial da Presidência. Procuradas, nem a Secom nem a assessora de imprensa da primeira-dama forneceram detalhes sobre a viagem.
Além desses sete assessores, a Presidência da República também custeou as viagens de sete profissionais da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) que farão a cobertura dos jogos. Juntos, o grupo recebeu pelo menos R$ 185 mil em diárias. Dos profissionais da EBC, três estariam atuando na transmissão oficial dos compromissos da primeira-dama.
Além de Janja, completam a representação do governo brasileiro nos jogos os ministros do Esporte, André Fufuca (PP-MA) e do Turismo, Celso Sabino (União Brasil-PA). Fufuca foi acompanhado pelo número 2 da pasta, o secretário-executivo Diego Galdino de Araújo. A comitiva oficial brasileira é composta por Janja, André Fufuca e pelo o embaixador brasileiro na França, Ricardo Neiva, conforme despacho assinado por Lula no dia 12 de julho.
Agenda oficial
Antes da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, a agenda de Janja em Paris incluiu, na quinta-feira (25), o lançamento da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza – um grupo criado por iniciativa do Brasil – e um encontro com a prefeita de Paris, a socialista Anne Hidalgo. Janja nomeou o ex-jogador Raí, que é ídolo também na França, como embaixador internacional da Aliança Global. O ex-atleta tem sido presença constante em eventos do Brasil ligados à França.
À noite, a primeira-dama participou de um jantar oferecido pelo Comitê Olímpico Internacional e pelo governo francês. Segundo o portal UOL, a primeira-dama está hospedada na Embaixada brasileira em Paris.
No X (antigo Twitter), Janja agradeceu na sexta (26) a recepção do presidente da França, Emmanuel Macron, e da primeira-dama do país, Brigitte Macron, a quem chamou de “querida amiga”. “Me sinto muito honrada por representar o meu marido, presidente Lula, na Cerimônia de abertura das Olimpíadas”, disse.
Já no sábado, a primeira-dama participou da inauguração da Casa Brasil no Parc de la Villette. Enquanto Janja conhecia o espaço, jornalistas tentaram abordá-la para fazer entrevistas, mas foram impedidos pelos seus assessores e seguranças, que foram orientados a evitar a aproximação da imprensa.
Janja fez uma rápida passagem pela Casa Brasil, recebeu presentes de bordadeiras do Rio Grande do Norte e fez um discurso. Depois de cerca de uma hora, a primeira-dama saiu apressada da Casa Brasil, evitando mais uma vez a imprensa. Ela deve acompanhar, neste domingo, as partidas de futebol e vôlei de praia femininos.
Reação
A ida de Janja a Paris como representante brasileira gerou reações na oposição, que questionou o interesse público na viagem. O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) informou que irá protocolar um pedido de informações ao Palácio Itamaraty, que sedia o Ministério das Relações Exteriores, sobre “como Janja obteve credencial de chefe de Estado para os Jogos Olímpicos, algo que não lhe cabe como primeira-dama”.
“Segundo informações obtidas na imprensa, interlocutores de Janja praticamente coagiram integrantes do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) para conseguir sua credencial. Diante disso, também farei uma representação à PGR [Procuradoria-Geral da República] para que seja investigado o suposto crime de abuso de autoridade por parte do Governo Federal”, acrescentou o mineiro.
“O Brasil não pode ser representado em um evento oficial por quem não foi eleito pelo povo- já basta o uniforme vergonhoso”, completou Nikolas em uma publicação feita no X (antigo Twitter).