Existe uma convicção no principal centro financeiro do País, de que os estrangeiros devem aumentar a participação no mercado de capitais brasileiro no ano que vem. A expectativa é de que sejam metade dos investidores nas ofertas iniciais de ações e aumentem a alocação de recursos em empresas já listadas na B3.
Nos dois últimos anos do boom no mercado de ações, eles compraram entre 20% e 30% das ofertas. Sinalizações desse apetite já acontecem este ano, mesmo com indefinições grandes nos cenários macroeconômico externo e interno, sobretudo sobre a política econômica do governo Lula. A bolsa brasileira já recebeu cerca de R$ 100 bilhões em recursos líquidos em 2022, e executivos de grandes bancos esperam por mais ingressos em 2023.
Os fundos que investem em países emergentes fizeram caixa, em preparação à perspectiva de resgates. À medida que ficar mais calara a direção que o Banco Central dos Estados Unidos dará ao juro por lá, parte dessa liquidez virá ao Brasil, diz a co-head do banco de investimento do Goldman Sachs, Cristina Estrada.
Vai haver demanda maior dos estrangeiros para as Américas em relação a outras regiões e, nas Américas, o Brasil será prioridade, diz ela. Um dos indícios é a maior disposição desses investidores para marcar reuniões com empresas da região, sobretudo nas maiores e nas que têm volume maior de transações em bolsa.
Além disso, há um cenário no qual as bolsas norte-americanas perdem entre 20% e 30% no ano e a brasileira segue no positivo e ainda mais rentável em dólar, afirma o co-head do banco de investimento do Goldman Sachs, Ricardo Bellissi.
Ajuda ainda o fato de o País ter muitas empresas relacionadas a áreas que os investidores têm buscado, como commodities, energia limpa, proteínas e infraestrutura.
Outubro
O investimento estrangeiro direto no País somou US$ 5,5 bilhões (cerca de R$ 29,4 bilhões) em outubro. No mesmo período do ano passado, o total dos Investimentos Diretos no País (IDP) ficou em US$ 3,37 bilhões (R$ 18 bilhões).
No acumulado de 2022 até outubro, o total de investimentos estrangeiros destinados ao setor produtivo do país é de US$ 73,9 bilhões (R$ 395,3 bilhões).
Segundo o Banco Central, a projeção para este ano é a de que o IDP chegue aos US$ 70 bilhões (R$ 374,5 bilhões).
No acumulado de 12 meses até outubro, o saldo do IDP é de US$ 73,8 bilhões (R$ 394,8 bilhões), o que corresponde a pouco mais de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
O investimento estrangeiro em ações brasileiras registrou um saldo positivo de US$ 2,8 bilhões (R$ 14,9 bilhões) em outubro. No mesmo período de 2021, o resultado também havia sido positivo, em US$ 796 milhões (R$ 4,2 bilhões).