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Por Redação O Sul | 30 de julho de 2018
Impactado pela desvalorização do real e pela greve dos caminhoneiros, o índice de inflação mais usado para corrigir os reajustes dos aluguéis teve forte avanço no último ano e pressiona o valor dos contratos. Apesar da alta, o mercado ainda desaquecido tem ajudado a segurar os preços médios de locação.
Após ter recuado 0,52% em 2017, o IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado), conhecido como inflação do aluguel, subiu com força este ano e já acumula alta de 6,93% nos 12 meses encerrados em junho. Os contratos de aluguel costumam ser reajustados com base na variação acumulada dos 12 meses anteriores.
A diretora de uma empresa de locação, Roseli Hernandez, que administra cerca de 11 mil imóveis alugados no País, disse que o índice vem sendo aplicado em todos os contratos, mas que isso só ocorre por causa do comportamento do IGP-M ao longo do ano passado. “Não houve um caso sequer de pedido para reajustar abaixo do IGP-M, porque no ano passado o índice foi negativo e deu uma certa ‘vantagem’ ao locatário”, explicou Roseli.
A variação do IGP-M também está bem acima da chamada inflação oficial medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) que subiu 4,39% em 12 meses. “Embora o IGP-M sirva como indexador dos valores de aluguel, será um pouco difícil eles subirem tanto, já que o mercado está muito retraído”, considerou o superintendente adjunto de índices gerais de preços do FGV/IBRE, Salomão Quadros.
Segundo o pesquisador, é provável que o setor imobiliário adote outros índices de inflação para fazer os reajustes, como o IPCA, ou que cresçam as negociações diretas para corrigir os aluguéis, que não estão subindo.
Efeitos do câmbio e do exterior
O avanço do IGP-M bem mais intenso que do IPCA guarda relação com o fato de ele ser mais abrangente e mostrar os preços do atacado de forma mais precisa. Além do varejo, um forte balizador das despesas das famílias, o indicador também leva em conta os preços da produção industrial e agrícola e da construção civil.
O IGP-M sofre uma influência considerável das oscilações do dólar, além das cotações internacionais de produtos primários, como as commodities e metais. Setores como o siderúrgico e petroquímico, por exemplo, repassaram o aumento de preços que não aparece em dados do IPCA.
Com a desvalorização cambial que começou em abril e se intensificou, houve uma pressão maior sobre o índice, explica o pesquisador do Ibre. “Outro fator relevante foi o aumento no preço dos combustíveis, que é mais abrangente no IGP-M.”
Segundo Quadros, a greve dos caminhoneiros, deflagrada há dois meses, também provocou alguns aumentos de grande proporção nos preços e desorganizou certas atividades abrangidas pelo índice, como a avicultura, em maio e junho.
Já em julho, a prévia do IGP-M apontou que a alta dos preços perdeu força e pode começar a arrefecer nos meses seguintes com a estagnação da economia e uma maior estabilidade do dólar nas últimas semanas. “O IGP-M é também um indicador de pressões que estão acontecendo na cadeia produtiva que podem ou não afetar o consumidor”, definiu Quadros.