Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 8 de setembro de 2022
Os países das Américas se tornaram o epicentro do surto global de varíola dos macacos, com mais de 30 mil casos concentrados principalmente nos Estados Unidos, Brasil, Peru e Canadá, informou a Organização Pan-Americana da Saúde, esclarecendo, no entanto, que a vacinação em massa não é necessária por enquanto.
“Com a escassez de vacinas e nenhum tratamento eficaz para a varíola, os países devem intensificar seus esforços para impedir a propagação do vírus em nossa região”, disse o diretor da Opas, Carissa Etienne. “Temos os meios para desacelerar esse vírus”, disse, em conferência de imprensa virtual da sede da organização em Washington.
A varíola dos macacos (monkeypox) circula na África central e ocidental há décadas e não era conhecida por provocar grandes surtos em países de outros continentes ou se espalhar amplamente entre as pessoas até maio, quando dezenas de casos começaram a ser relatados na Europa e na América do Norte.
Em julho, a Organização Mundial da Saúde declarou uma emergência global para a varíola, o nível de alerta mais alto usado no passado em surtos semelhantes de zika na América Latina em 2016 e no pandemia de coronavírus, entre outros. A afirmação não significa necessariamente que a doença seja particularmente transmissível ou fatal.
Nas Américas, a maioria dos casos foi detectada entre homens que fazem sexo com homens, embora pelo menos 145 casos também tenham sido confirmados entre mulheres e 54 casos entre crianças menores de 18 anos, disse a Opas.
Vacina
Diante da explosão de casos de varíola dos macacos (monkeypox) no Brasil, pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) receberam nesta semana material para iniciar os estudos de uma vacina nacional contra a doença. A previsão é que a produção do imunizante possa começar em cerca seis meses.
Segundo os cientistas, as doses do imunizante nacional poderão proteger não só contra a monkeypox, mas também contra a varíola humana, erradicada mundialmente em 1980, além da bovina. Os estudos terão como base duas amostras do chamado “vírus-semente” doadas pelo Instituto Nacional de Saúde, dos Estados Unidos, ao Centro de Tecnologia de Vacinas (CTVacinas) da UFMG. O trabalho é realizado em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.
“Seis meses é um prazo adequado para crescer a semente e fazer os testes necessários, lembrando que o Brasil nunca produziu essa vacina”, afirma o pesquisador Flávio Fonseca, do CTVacinas da UFMG.
Ele lembra que, após a pesquisa, ainda é preciso aguardar a certificação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que pode aumentar esse prazo.