Larry Hyatt comanda de perto os 47 funcionários da loja que seu pai fundou há seis décadas em Charlotte, na Carolina do Norte. Aos 72 anos, afirma que nunca viu as vendas de seu estabelecimento quadruplicarem em tão pouco tempo, como aconteceu em meio à pandemia de coronavírus.
Desde 1959, a família Hyatt vende armas e munição.
Além de alimentos não perecíveis, água e papel higiênico, americanos começaram a estocar fuzis semiautomáticos e coletes à prova de balas sob argumento de que se preparam para viver um cenário de fim do mundo.
“Estocar colete à prova de bala, armas, munição e equipamentos táticos ajudará a defender suas famílias, suprimentos e propriedades.”
Com sede em Las Vegas e filiais em outros 12 estados americanos, a Safe Life Defense registrou aumento de 44% das vendas desde 11 de março, quando o presidente Donald Trump decretou emergência nacional.
Groat explica que a demanda cresceu como um todo, mas destaca a procura por cintos táticos e coletes à prova de balas, que são vendidos no site da loja em modelos de US$ 130 (R$ 650) a US$ 1.700 (R$ 8.500).
O dono da Hyatt Guns, por sua vez, afirma que os produtos que têm puxado suas vendas são as armas automáticas e semiautomáticas, como o fuzil AR-15, muitas vezes feitas para um comprador de primeira viagem.
“Não vejo procura de arma de caça, é autodefesa. Gente que tem arma, mas não tinha munição, vem comprar munição. Quem não tinha arma vem comprar uma.”
Ele lembra que, após o massacre da escola primária de Sandy Hook, que deixou 28 mortos em 2012 no estado de Connecticut, a média de vendas de seus produtos também subiu. “Mas nada perto disso.”
De acordo com a Segunda Emenda da Constituição dos EUA, os cidadãos têm direito de manter e portar armas de fogo, e a compra e venda de armamentos é geralmente feita com bastante facilidade no país.
Hyatt acrescenta que, neste momento, o maior apetite por armas e acessórios nos EUA se dá pela percepção de parte das pessoas de que o governo não será capaz de resolver a crise.
“É um medo causado pela pandemia, mas também pela crise econômica e a sensação de que o país, mesmo em um bom momento, não vai conseguir controlar tudo.”
O primeiro caso confirmado de coronavírus nos EUA foi em 21 de janeiro. Até a primeira semana de março, eram 500 os registros de infectados e, em menos de dez dias, esse número chegou a 5.000, sendo 93 mortos.
Inicialmente Trump minimizou a crise, mas, desde a semana passada, quando decretou emergência nacional, tem adotado um tom grave para falar do tema.