Domingo, 22 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 31 de agosto de 2024
O leite de búfala é fonte de vitaminas A, B2 e D, e possui teores de colesterol e de sódio mais baixos em relação ao bovino.
Foto: João Pedro Rodrigues/Ascom ExpointerRicota, muçarela, burrata, creme de leite e manteiga. Esses produtos, quando originados do leite de vaca, são bastante conhecidos pela população. Mas eles também podem ser produzidos a partir do leite de búfala. O mercado, ainda em expansão no Rio Grande do Sul, está sendo intensamente divulgado durante a 47ª Expointer, que ocorre até este domingo (1º), no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio. Criadores e representantes da Associação Gaúcha de Criadores de Búfalos (Ascribu) têm diferentes iniciativas para tornar os produtos mais populares, além de desejados.
Uma carcaça inteira foi assada para os visitantes da feira em frente à Casa do Búfalo, que fica junto à Ascribu, no Pavilhão de Gado de Corte e Ovinos. No mesmo espaço, foi a vez de uma parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) realizar a primeira edição da Vitrine do Queijo de Búfala. Duas professoras da UFRGS e um grupo de alunos apresentaram as diferentes etapas da produção de queijos. Tudo começa, é claro, com o leite da fêmea, que chama a atenção por ter um tom bem mais branco do que o de vaca, mais amarelado. A partir dele, há a coagulação e a produção de soro, que dá origem aos demais alimentos.
“O mercado do búfalo precisa ser prospectado, no sentido de haver um financiamento ou investimento para que as pessoas tenham o bubalino como alternativa em sua propriedade. Não achamos que deva haver concorrência com os bovinos, pois as características das vacas tornam a produção muito mais intensa, mas que deve haver uma conquista de uma faixa de mercado”, explica a professora e médica veterinária Amanda de Souza da Motta, responsável pelo Laboratório de Microbiologia e Saúde Única da UFRGS, organizadora do evento junto com a professora Márcia Monks Jantzen e com os estudantes.
“Hoje há pouca produção de leite de búfala no Estado, tanto que tudo o que temos é transformado; é difícil encontrar o leite para beber”, complementa.
Produtores e pessoas que trabalham com a venda dos produtos do búfalo para o consumidor final consideram os alimentos diferenciados, quase uma iguaria. Os derivados do leite, principalmente, são vendidos a um valor bem superior ao do leite da vaca, e são considerados diferenciados e até mais saudáveis.
O leite de búfala é fonte de vitaminas A, B2 e D, e possui teores de colesterol e de sódio mais baixos em relação ao bovino. É mais proteico – 4,06% contra 2,9%, a cada 100g – e possui maior concentração de sólidos totais — 15,5% contra 11,4%. Apesar de conter mais lactose e de não ser indicado para pessoas intolerantes, pode ser consumido por quem tem alergia à proteína do leite da vaca.
“É um produto que tem um valor agregado muito alto, com melhor aproveitamento e menos desconforto gástrico para quem consome. Precisamos de mais produtores para fazer esse mercado crescer. E estamos tentando divulgar também a venda de carne, que ainda encontra um maior desafio de mercado”, conta a presidente da Ascribu, Desireé Möller.
A criadora chama a atenção para o cuidado e para a preocupação com a saúde e a felicidade dos animais, que são estimulados a viverem da melhor forma até o último dia de vida, de acordo com os pilares do bem-estar animal. “Eles têm que viver livres de fome e de sede, livres de doenças, livres de estresse e livres para expressar seu comportamento natural, comendo, bebendo e dormindo na hora que quiserem. Animais estressados, doentes e com fome não engordam, não produzem”, detalha Desireé.
“Os búfalos têm uma fama ruim, mas são animais muito inteligentes, aprendem rápido e, se forem bem manejados, são dóceis e tranquilos. É um animal que dá muito menos custo de medicamentos, porque é muito resistente a doenças”, complementa a zootecnista Vitória Leite Di Domenico, 27, doutoranda da UFRGS e diretora jovem da Ascribu.