Dentro da tentativa de melhorar a relação com o Congresso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizou nessa segunda-feira (10) pela manhã a segunda reunião de coordenação, com a participação dos principais ministros e dos líderes do governo no Legislativo. A prática de discutir semanalmente os principais assuntos, que existia nos dois primeiros mandatos do petista, foi retomada depois da série de derrotas do governo no dia 28, com derrubadas de vetos do presidente pelos parlamentares.
Esse foi o primeiro com as presenças dos ministros da Casa Civil, Rui Costa, e da Fazenda, Fernando Haddad, que na semana passada estavam em viagem fora do País e foram representados pelos secretários-executivos de suas pastas.
Além de Lula, Haddad e Rui Costa, participaram da reunião, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e os líderes do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), e na Câmara, José Guimarães (PT-CE).
A reunião de coordenação política às segundas-feiras para planejar as ações da semana foi descartada por Lula no começo deste terceiro governo, numa decisão pouco compreendida inclusive pelos mais próximos.
No dia 28, o governo sofreu mais uma série de derrotas no Congresso. Os parlamentares derrubaram o veto presidencial ao ponto central da lei que restringe saídas temporárias de presos. Houve ainda manutenção da decisão, tomada ainda na gestão de Jair Bolsonaro, de dificultar a punição à disseminação de desinformação eleitoral. Foi derrubado também o veto a um artigo da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que desestimula a destinação de verbas do Executivo a ações favoráveis ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), ao aborto e à agenda LGBTQIA+.
Depois disso, foi decidido que as reuniões de coordenação seriam realizadas e Lula também se comprometeu a participar mais da articulação política.
O governo vai ter que decidir, nos próximos dias, como se posicionar diante do projeto que proíbe delações premiadas de réus presos. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), líderes do Centrão e a bancada do PL, partido de Jair Bolsonaro, costuram a votação, a toque de caixa do texto que poderia beneficiar o ex-presidente, que é implicado pela colaboração do ex-ajudante de ordens Mauro Cid.
O projeto foi apresentado em 2016 pelo então deputado Wadih Damous (PT-RJ), hoje Secretário Nacional de Defesa do Consumidor. Sem o apoio do então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, o texto foi rejeitado pela Comissão de Segurança Pública da Casa naquele ano e remetido à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde ficou engavetado até a última semana. Damous vê um “motivo oportunista” para resgatar o tema agora e deputados do PT acham que o momento não é oportuno para colocar o projeto em votação para não haver o risco de que Bolsonaro seja beneficiado.