Segunda-feira, 28 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 27 de setembro de 2015
Quando o assunto é viajar, os brasileiros têm preferido os destinos nacionais. O relatório mensal do Ministério do Turismo aponta a alta do dólar – que chegou a ultrapassar os 4 reais na semana passada – como uma das razões. O estudo indica outras duas tendências: jovens de até 35 anos, campeões em intenção de viagem, elegeram a região Sudeste como principal destino nas férias. E quem vai viajar pelo Brasil não está pensando em aeroportos, mas, sim, em colocar o carro na estrada.
Segundo o levantamento, que foi feito em agosto pela ministério, 78% das famílias que pretendem viajar nos próximos seis meses não devem sair da fronteira brasileira – o terceiro maior índice mensal dos últimos cinco anos. No mesmo período do ano passado, o índice era de 73,6%. O estudo é realizado em parceria com a Fundação Getulio Vargas. A região Nordeste segue na liderança como destino mais popular para as famílias entrevistadas, seguida pelo Sudeste e pelo Sul.
Mais ricos também foram afetados.
A crise parece ter impactado inclusive os planos dos mais ricos. Nos domicílios com faixa de renda acima de 9,6 mil reais, 45,4% disseram que o destino de suas viagens será outro país (há um ano, o índice era de 51,5%).
No outro extremo da pirâmide, dos que ganham até 2,1 mil reais, 100% dos entrevistados disseram que, se viajarem nos próximos meses, vão para algum lugar no Brasil.
O estudo também identificou que apenas 20,6% dos entrevistados pretendem visitar outra cidade até fevereiro de 2016. É o menor índice desde abril de 2010, quando a taxa foi de 19,2%. Na comparação com o mesmo período de 2014, houve uma queda de mais de oito pontos percentuais. Em agosto do ano passado, logo após a Copa, a intenção de viagem era de 28,8%.
A pesquisa também constatou uma diminuição no número de pessoas dispostas a viajar de avião, de 61% para 56,5%. Assim, cresceu a intenção de uso de automóvel (de 25,1% para 30%) e de ônibus (de 10,2% para 11,2%), em geral usados em destinos mais próximos. O levantamento teve a participação, por telefone, de 2 mil famílias de Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Recife e Salvador, entre os dias 1º e 20 de agosto deste ano.
Invasão dos vizinhos.
O lado bom da desvalorização do real é um esperado aumento do turismo estrangeiro no País. Atraídos pelo custo agora reduzido de viajar ao Brasil, turistas estrangeiros, especialmente os dos países vizinhos, começam a planejar as férias de verão nas praias brasileiras. Essa tendência já é vista na Argentina, historicamente o maior mercado emissor de turistas para o Brasil. Segundo o analista da rádio francesa RFI Marcio Resende, no último ano, o real perdeu quase 70% do seu valor. Só neste ano, a erosão da moeda brasileira está acima de 55%. No mesmo período, o peso chileno perdeu 14% do seu valor, o peso uruguaio recuou 18% e o peso argentino caiu 12%.
Para os turistas da região, o Brasil ficou mais barato do que Chile, Uruguai e Argentina. Resende ainda aponta que as operadoras de turismo argentinas já notam um aumento das reservas para o Brasil de 10% a 30%, conforme o destino. No Uruguai, as projeções são as mesmas.