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Com os Estados Unidos e Trump distantes, China se aproxima mais do Brasil

Presença de Xi Jinping no G20, no Rio, e recepção em Brasília reforçam relação de Lula com país asiático. (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

O presidente da China, Xi Jinping, vem ao Brasil para participar da Cúpula de Líderes do G20, que será realizada no Rio nos dias 18 e 19 de novembro. A presença do líder chinês na região contrasta com o enfraquecimento da influência dos Estados Unidos, que será representado por Joe Biden, um presidente em fim de mandato.

Antes de chegar ao Brasil, Xi Jinping participou da inauguração do Porto de Chancay, no Peru, o maior construído pela China na América Latina. O objetivo é ampliar o comércio entre os continentes via Pacífico. A China é atualmente a maior parceira comercial extrarregional de quase todos os países da América do Sul.

Biden, por sua vez, participa do último grande evento mundial de sua carreira política. Ele deixará a presidência dos Estados Unidos em 20 de janeiro de 2025, aos 81 anos. O republicano Donald Trump assumirá o comando da maior economia do mundo ao voltar para um 2º mandato à frente da Casa Branca. Durante a campanha eleitoral, o republicano indicou que adotará uma política protecionista em prol do mercado norte-americano, especialmente contra a entrada de produtos chineses. A estratégia pode levar o Brasil a olhar ainda mais para a China.

A defesa de relações bilaterais em detrimento de negociações conduzidas por instituições multilaterais, como a ONU e o próprio G20, também opõe Trump e Xi. No Peru, o líder chinês citou a construção do Porto de Chancay como exemplo do seu compromisso com o multilateralismo e o comércio livre entre os países. Seu ministro de Comércio, Wang Wentao, classificou o aumento do protecionismo no mundo como um “retrocesso”.

Biden e Xi Jinping serão recebidos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em situações distintas. O norte-americano se encontrará com o brasileiro em uma reunião no Rio na 3ª feira (19.nov.2024). Deve começar com um almoço e prosseguir com uma conversa. Em fim de mandato e sem ter feito sua sucessora – a vice-presidente Kamala Harris (democrata) perdeu para Trump – Biden tem pouco a oferecer.

Temas nos quais converge com o governo petista, como a defesa do meio ambiente e questões trabalhistas, tendem a ser tratados de outra forma por Trump – embora a administração democrata não tenha avançado tanto na questão ambiental. Lula deve aproveitar o momento para agradecer ao democrata por tê-lo apoiado em 2022.

Xi Jinping, por outro lado, será recebido com honras de chefe de Estado em Brasília na 4ª feira (20.nov.2024). Na ocasião, os 2 países anunciarão uma série de acordos e compromissos comerciais e diplomáticos. Os chineses, porém, esperavam poder anunciar a adesão do Brasil ao maior programa de infraestrutura do país asiático, a Iniciativa Cinturão e Rota (Belt and Road, em inglês).

O governo Lula, porém, preferiu não assinar o acordo. Considera que já há iniciativas em curso e que pode continuar buscando investimentos chineses sem se alinhar diretamente a uma estratégia geopolítica de Xi Jinping. O Executivo brasileiro foca a participação chinesa em 4 grandes eixos: investimentos em obras do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), construção e reforma das rotas de integração regional na América do Sul, aportes em projetos de transição energética e modernização do parque industrial.

China e Brasil já integram conjuntamente o Brics (bloco composto originalmente pelos 2 países com Índia, Rússia e África do Sul) e se aproximaram ainda mais recentemente ao apresentarem em conjunto uma proposta de resolução política para a guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

A ideia foi anunciada na sede da ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova York, em setembro. Embora a iniciativa tenha sido rechaçada pelo presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, foi vista como um passo importante na relação sino-brasileira.

Atualmente, o comércio com do Brasil com a China é mais que o dobro do que com os Estados Unidos, mas ainda muito focado na exportação de commodities brasileiras. Já os investimentos chineses têm avançado pela América Latina em áreas de mobilidade, energia renovável e infraestrutura.

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