Nesta segunda-feira (8), espectadores do México, Estados Unidos e Canadá terão a chance de observar um eclipse solar total. O fenômeno é considerado bastante especial e raro. Em média, um evento do tipo ocorre a cada 18 meses no nosso planeta, mas para passar no exato mesmo ponto, só a cada 375 anos.
E como o eclipse da próxima segunda vai percorrer os Estados Unidos de ponta a ponta, cientistas ao redor da América do Norte irão realizar diversos experimentos que visam investigar a atmosfera externa do Sol, chamada corona, e o impacto desse fenômeno na nossa atmosfera terrestre.
Os eclipses têm sido cruciais para avanços científicos há muito tempo. Em 1919, por exemplo, durante um eclipse solar total, estrelas foram observadas em posições inesperadas, validando a teoria de Einstein sobre a gravidade, que sugere que a presença do Sol curva o espaço-tempo.
Desta vez, nesta segunda, um dos principais projetos da Nasa (a agência espacial norte-americana) vai usar aviões de pesquisa chamados de WB-57 para tirar fotos do eclipse a 50 mil pés acima da Terra (cerca de 15km).
A agência tem três modelos do tipo e a ideia dessa empreitada é aproveitar o momento do eclipse para vermos partes do Sol que normalmente não são vistas por causa da sua luminosidade.
Por isso, com uma câmera especial, cientistas esperam descobrir fenômenos inéditos nesse momento, como encontrar asteroides nunca vistos perto do nosso Sol.
E uma das principais implicações de observar esses objetos rochosos, localizados a 149,6 milhões de km de nós, é a oportunidade de compreendermos diversos mistérios do Universo. Isso inclui desde segredos do Cinturão de Asteroides, situado entre as órbitas de Marte e Júpiter, até a dinâmica de formação do nosso Sistema Solar.
Fora isso, como esses aviões carregam instrumentos que medem temperatura, composição química e ejeções de massa coronal, ou seja, aquelas erupções de gás a altíssimas temperaturas, a Nasa também pretende estudar essas explosões solares neste projeto.
Observar a corona durante o eclipse solar de 2017, por exemplo, foi muito importante para melhorar nossas previsões sobre o clima espacial, que tem implicações aqui na Terra. Vale lembrar que tempestades solares podem ser um problema para satélites e até mesmo astronautas.
Mas por que voar? Bom, estar no ar permite que a equipe de cientistas da Nasa se mova para acompanhar a sombra da Lua, o que estende o tempo disponível para estudar o Sol durante um eclipse.
Segundo a agência espacial norte-americana, nesse experimento da coroa solar, voar vai aumentar em mais de dois minutos o tempo de observação.
Já um terceiro experimento usando um avião WB-57 vai estudar a camada carregada da atmosfera superior da Terra, chamada ionosfera.
Ela é tipo uma fronteira entre a atmosfera e o espaço e, por isso, é bastante afetada pela radiação solar. Como muitas informações importantes para a comunicação e a navegação global atravessam a ionosfera, compreender melhor sua dinâmica também é algo bastante relevante.
Uma das principais preocupações de milhares de pessoas na América do Norte durante o eclipse da próxima segunda são as condições climáticas durante esse fenômeno. Afinal de contas, viajar para o lugar ideal e não conseguir observar o Sol encoberto pela Lua por causa do tempo ruim pode ser bem frustrante.
Por isso, repetindo um experimento que deu certo no eclipse da Austrália no ano passado, uma cientista da Universidade do Havaí tem uma carta na manga: uma pipa poderosa.
Na data do eclipse, a astrônoma e física Shadia Habbal pretende empinar novamente um espectrômetro a 3.500 pés do solo (cerca de 1km).
Nessa altura, além de evitar a cobertura da maioria das nuvens, esse instrumento científico permite uma visão privilegiada da cora solar – e com um custo muito mais baixo que o projeto da Nasa.
Mas o objetivo principal de Habbal é estudar como o vento solar se forma na corona, o que também é algo fundamental para entendermos os efeitos do clima espacial na Terra e em outros lugares.
A superfície lunar, por exemplo – onde o ser humano deve voltar a pisar em breve -, é bastante afetada pelas partículas carregadas e pela radiação do vento solar.
Fora tudo isso, um projeto da Nasa na Flórida também pretende estudar potenciais perturbações na nossa ionosfera durante o eclipse, mas com um detalhe especial: por meio de três foguetes.
A ideia é semelhante ao experimento com o WB-57que vai estudar essa camada carregada da atmosfera superior da Terra, mas o diferencial aqui é que esse trio de foguetes implantará instrumentos científicos para medir mudanças nos campos elétricos e magnéticos dessa camada da atmosfera.
Para isso, os foguetes serão lançados cerca de 35 minutos antes do pico do eclipse no local, um durante o pico do eclipse e outro 35 minutos depois. As informações são do portal de notícias G1.