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Brasil Com retorno difícil, Dilma Rousseff quer “defender biografia” no Senado

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Aliados dizem que Dilma continua obcecada pelos detalhes (Foto: Folhapress)

A rotina de trabalho ainda ocupa pelo menos 12 horas do dia de Dilma Rousseff, mas os terninhos e casaquetos presidenciais foram substituídos por roupas de ginástica e vestidos longos, daqueles mais leves e confortáveis.

Desde que foi afastada do cargo de presidente da República, há 73 dias, Dilma foi obrigada a se despir das formalidades de seu antigo gabinete, no terceiro andar do Palácio do Planalto, e transferir seu escritório para a biblioteca do Alvorada, onde recebe diariamente ex-ministros e assessores, como Giles de Azevedo e Jorge Messias, o “Bessias”.

Aliados dizem que Dilma continua obcecada pelos detalhes. As broncas e dúvidas minuciosas a cada debate são recorrentes, mas os despachos, garantem, ficaram mais bem humorados e informais.

Quem esteve com a petista recentemente relata que seu objetivo hoje é “apenas defender sua biografia”. Ela sabe que sua imagem está desgastada e tem feito contas pessimistas sobre quantos senadores podem rever posição e salvá-la do impeachment. Parlamentares a visitam semanalmente, mas a micropolítica nunca a interessou.

Os conselhos mais incisivos, que costumava receber do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também têm ficado em segundo plano. Os dois se falam cada vez menos e quase sempre por telefone. Aliados de Dilma dizem que nenhum dos dois está “muito empenhado” em converter votos contra o impeachment, em sessão marcada para agosto no Senado.

Diante do cenário pouco animador, a petista tenta relaxar. Dedica-se mais à leitura e a séries, vícios que conseguiu retomar com mais frequência somente ao ser afastada da Presidência. Mantém a rotina de exercícios com pedaladas em torno do Alvorada, mas afrouxou a dieta ravenna, que a fez perder 17 quilos. Dilma engordou, mas não conta a ninguém quantos quilos.

Da biblioteca, elabora textos e discursos, discute a conjuntura política com aliados e a estratégia de sua defesa no processo de impeachment com José Eduardo Cardozo, seu advogado pessoal.

Ele tem ido praticamente todos os dias ao Alvorada, mas não fica necessariamente o tempo todo com a chefe, que o chama quase que de hora em hora para tirar dúvidas e fazer ponderações sobre as alegações finais. Além dele, Giles e Messias, os principais frequentadores da residência oficial são os ex-ministros petistas Ricardo Berzoini, Jaques Wagner e Carlos Gabas.

Quando está inquieta, deixa a biblioteca e vai procurar os assessores nas salas de reuniões que ficam de frente para o jardim da residência oficial. “Ela procura trabalho, mas não tem muito o que fazer”, confidencia um dos visitantes corriqueiros. (Folhapress)

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