Sábado, 19 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 17 de abril de 2025
O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) encerrou nessa quinta-feira (17) a greve de fome iniciada há mais de uma semana, após acordo firmado com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), que prevê que o processo de cassação de seu mandato não será analisado neste primeiro semestre
Glauber Braga iniciou a greve de fome no dia 9 de abril, após aprovação do processo de cassação de seu mandato pelo Conselho de Ética da Câmara.
“Estou suspendendo a greve de fome, mas nós não estamos suspendendo a luta contra o orçamento secreto, não estamos suspendendo a luta contra o poder oligárquico, não estamos suspendendo a luta pela responsabilização dos assassinos de Marielle Franco, não estamos suspendendo a luta pela responsabilização dos golpistas de plantão”, disse Glauber.
Segundo a assessoria do parlamentar, durante os dias em que ele ficou acampado na Câmara dos Deputados sem se alimentar, ele perdeu mais de 5 quilos, ingeriu apenas água, soro e isotônico.
O deputado disse que passará por um momento de recuperação e está recebendo orientação médica sobre o que pode ingerir.
Acordo
Em publicação nas redes sociais, Hugo Motta garantiu que, após a deliberação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o processo só será submetido ao plenário após 60 dias.
“Garanto que, após a deliberação da CCJ, qualquer que seja ela, não submeteremos o caso do deputado ao Plenário da Câmara antes de 60 dias para que ele possa exercer a defesa do seu mandato parlamentar. Após este período, as deputadas e os deputados poderão soberanamente decidir sobre o processo”, disse Motta.
O acordo com Motta foi intermediado pelos deputados Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e Lindbergh Farias (PT-RJ). Para Glauber Braga, a mensagem de Hugo Motta demonstrou um recuo e uma sinalização importante contra a perseguição que ele estava sofrendo.
Além de Glauber, estiveram presentes na reunião a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, líderes do PT e do PSOL na Câmara, Lindbergh Farias (RJ) e Talíria Petrone (RJ), e a deputada e esposa de Glauber, Sâmia Bomfim (PSOL-SP).
Talíria Petrone disse que o acordo foi firmado após “pressão dos movimentos sociais e de quem luta pela democracia”. “Que consigamos ter uma saída definitiva que não rompa com o princípio da proporcionalidade e que garanta o óbvio: que o nosso deputado Galuber siga representando o povo que o elegeu”, escreveu.
O deputado protesta contra a decisão do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados de aprovar um parecer que pede a cassação de seu mandato. Glauber é acusado de empurrar e expulsar um integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) do Congresso Nacional durante uma confusão em 2024. Na ocasião, o parlamentar chegou a chutar o homem.
Conforme as regras internas, Glauber tem até o dia 22 de abril para apresentar um recurso na CCJ contra a decisão do Conselho. Se o recurso for rejeitado pela Comissão, o processo deverá ser analisado pelo plenário. A representação precisa receber ao menos 257 votos para que a cassação seja aprovada.
Segundo a deputada Sâmia Bomfim, o recurso a ser apresentado à CCJ já está pronto e deve ser protocolado na próxima terça-feira (22). A parlamentar também disse que a bancada do PSOL deve se reunir com o presidente da CCJ, Paulo Azi (União-BA), na terça-feira. Um grupo de juristas e religiosos também deve dialogar com Azi e com Hugo Motta nos próximos dias. As informações são da Agência Brasil e da CNN.