Sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 6 de setembro de 2015
Os 220 imigrantes resgatados pela Marinha Brasileira no mar Mediterrâneo, na sexta-feira, vinham da Líbia, estavam há sete dias navegando e não se alimentavam nem bebiam água há dois dias, de acordo com Alexandre Amendoeira Nunes, comandante da corveta Barroso, que efetuou o resgate. A embarcação, que deixou o Rio de Janeiro no dia 8 de agosto, se dirigia ao Líbano para substituir a fragata brasileira que atua em missão de paz da Organização das Nações Unidas.
“Era um barco de pequeno porte, de madeira, semelhante a esses regionais que existem na Amazônia. Estava superlotado”, afirmou Nunes.
Ao todo, o navio brasileiro resgatou 94 mulheres, 89 homens e 37 crianças, entre elas quatro de colo. O traslado entre as embarcações levou em torno de uma hora.
“Havia duas lanchas da guarda costeira nas proximidades. Como nosso navio era maior, levamos o maior número de pessoas”, relatou o comandante. “Eles estavam muito desidratados, com assaduras, queimaduras de sol. Uma senhora estava com o braço quebrado”, contou Nunes. Depois de terem sido embarcados, os imigrantes receberam os primeiros socorros.
De acordo com o militar, o navio da Marinha possuía suprimentos para atender essa demanda inesperada. “Temos sempre de sair preparados para esse tipo de ocorrência, para ficar 30 dias no mar”, afirmou.
Riscos
O comandante fez o relato à rede britânica BBC Brasil às 18h30min (13h30min no horário de Brasília-DF) desse sábado, 30 minutos antes de a corveta reiniciar sua viagem ao Líbano – o navio deixou os imigrantes no porto de Catania, na Itália.
Ele disse que a tripulação considera a possibilidade de se deparar com situações semelhantes durante o trajeto e explicou os riscos de um resgate como esse. “Nosso navio é grande. Ao se aproximar demais, pode fazer um movimento que pode quebrar [a embarcação menor] numa jogada do mar. Havia um petroleiro perto, mas que nada pode fazer por esse motivo”, declarou.
O transporte dos imigrantes entre o barco de madeira e o navio foi feito por meio das lanchas da guarda italiana. De acordo com declarações de Nunes, se elas não estivessem lá, o trabalho de resgate demoraria muito mais: a Marinha teria de lançar ao mar as duas pequenas embarcações que possui para esse tipo de ação – um bote e uma lancha –, o que tornaria possível o transporte de apenas cerca de 20 pessoas por vez. (BBC)