O comandante do Exército, general Tomás Ribeiro de Paiva, afirmou que não pretende se manifestar sobre a Operação Contragolpe, que apanhou oficiais de alta patente, antes do fim das investigações da Polícia Federal (PF). “Isso nós vamos falar quando terminar todas as operações da PF e recebermos os inquéritos. Aí teremos uma informação mais oficial.”
Na semana passada, o ex-presidente Jair Bolsonaro e 36 aliados, incluindo ex-ministros, militares, policiais federais e até um padre, foram indiciados pela PF por golpe de Estado, abolição violenta do estado democrático de direito e organização criminosa. O relatório final com mais de 800 páginas do inquérito das operações Tempus Veritatis e Contragolpe imputa crimes com penas de até 28 anos de prisão.
Os 37 indiciados estão ligados à tentativa de manter Bolsonaro no poder após a derrota na eleição de 2022. O plano, de acordo com a PF, previa até o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de seu vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Questionado se era favorável à suspensão do pagamento dos vencimentos de militares condenados ou expulsos da Força Terrestre, conforme o plano de corte de gastos do governo, o general Tomás disse que essa medida está sendo discutida no âmbito dos Ministérios da Defesa e da Fazenda.
“As medidas que estão sendo tomadas não são direcionadas a ‘a’ ou a ‘b’, mas são direcionadas para poder ajudar o Brasil como um todo a encontrar soluções para os problemas emergenciais que ele está atravessando”, disse o general.
Na última sexta-feira, o Ministério Público pediu ao Tribunal de Contas da União (TCU) o bloqueio de R$ 56 milhões dos 37 indiciados A representação enviada ao TCU é assinada pelo subprocurador-geral Lucas Furtado. Ele também pede a suspensão dos salários dos 25 oficiais das Forças Armadas indiciados.
As declarações foram dadas durante a cerimônia de abertura do exercício Perseu, na Base da Aviação do Exército, em Taubaté, no Vale do Paraíba, que mobilizará nas próximas duas semanas unidades de cinco comandos de áreas das Forças de Prontidão. Este é um exercício que dificilmente outra Força Armada da América Sul conseguiria desenvolver.
“Essa é a maior operação de adestramento da América do Sul. Ela mobiliza diversas capacidades do Exército, não só a aviação do Exército, que não parou neste ano. Ela é o que chamamos de operação de convergência para um objetivo comum”, afirmou o comandante. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.