O Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) de Porto Alegre iniciou nessa terça-feira (3) a segunda etapa do processo de sondagem dos diques do bairro Sarandi, localizado na Zona Norte e um dos mais atingidos pelas enchentes de maio na cidade. Equipes utilizam técnica baseada na aplicação de correntes elétricas para obter dados sobre aspectos como as condições do solo.
A descarga é conduzida até as camadas inferiores do terreno, possibilitando assim a identificação dos tipos de solo sob a superfície. Denominado “eletrorresistividade”, o procedimento é complementar à técnica de percussão, que foi utilizada na primeira fase de análise.
De acordo com a prefeitura, outras investigações de caráter geotécnico serão feitas antes da conclusão do projeto. O estudo foi contratado pelo Dmae em julho, como parte de um projeto de qualificação do sistema destinado à contenção de cheias. No foco está a viabilização de obras definitivas nas estruturas, prevendo a elevação da cota dos diques a uma altura de 7 metros.
No final da semana passada, o Departamento iniciou obras emergenciais nos diques do Sarandi. As intervenções fazem parte do plano de reconstrução de Porto Alegre. Especialistas trabalham no dique próximo à sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) e que, em alguns pontos, possui 2 metros a menos de altura em relação ao projeto original, da década de 1960.
“A obra vai elevar, em cerca de seis meses, o nível do dique para 5,5 metros”, prevê o Departamento. “Para isso, pedras-rachão serão posicionadas, ampliando a largura da estrutura, que será então aterrada.”
Detalhamento
Em paralelo, é realizado um trabalho de melhoria dos acessos ao diques locais, que apresentaram pontos de transbordamento em maio. Também foram notados dois locais onde a altura é inadequada entre as Estações de Bombeamento de Águas Pluviais (Ebaps) 9 e 10. Na obra emergencial, o Dmae fará a elevação do nível onde necessário e a impermeabilização dos pontos com fuga de água.
O custo das obras é de R$ 10 milhões aos cofres municipais. Outros R$ 510 milhões estão previstos para intervenções emergenciais no âmbito do saneamento (água, esgoto e drenagem). Já estão em andamento os estudos sobre as comportas (que devem ser substituídas, reforçadas ou fechadas de forma permanente) e casas de bombas e o Muro da Mauá, na orla do Centro Histórico.
Ao todo, 48 residências localizadas sobre o dique do Sarandi foram retiradas em junho, quando houve a primeira intervenção na área. A prefeitura garante que nenhuma remoção será necessária na etapa iniciada no final de agosto. O Departamento Municipal de Habitação (Demhab) identifica as famílias para encaminhamento de moradias junto ao governo federal.
(Marcello Campos)