Quarta-feira, 04 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 22 de outubro de 2022
Daqui para frente, a alta dos alimentos, conforme analistas de mercado, tende a ser menor do que a dos combustíveis, já que a defasagem da gasolina frente ao exterior leva a uma necessidade de correção estimada em algo entre 5% e 10%.
A expectativa no mercado é de que os reajustes represados nas refinarias da Petrobras sejam anunciados após as eleições. Já do lado dos alimentos, condições climáticas e preços de insumos agrícolas, as duas variáveis que catapultaram os preços neste ano, devem se tornar mais favoráveis aos produtores agrícolas. Apesar disso, com a expansão dos programas sociais, é possível que o alívio no orçamento dos mais pobres seja contido pelo efeito demanda, tanto nas proteínas que não vinham sendo consumidas por falta de dinheiro, como a carne bovina, quanto em outras categorias de produtos, como vestuário. No conjunto, a inflação de roupas, calçados e acessórios continuou em aceleração – saindo de 16,61%, em junho, para 19,16% em 12 meses até setembro –, apesar da desinflação abrupta dos últimos três meses.
Nas previsões de Andrea Damico, sócia e economista-chefe da Armor Capital, depois de três anos de muita pressão, a inflação da alimentação em domicílio, em 3,5%, voltará a ficar no ano que vem abaixo do resultado agregado do IPCA: 4,7% no prognóstico da economista. “Pelo menos no curto prazo, a gente deve ver certa inversão, com possível aumento dos preços de combustíveis e uma trajetória melhor nos preços dos alimentos”, comenta Damico. Ela cita uma aguardada estabilidade nos preços internacionais por conta da desaceleração da economia global, com impacto no padrão de consumo de proteínas, e retomada das exportações de grãos da Ucrânia, permitida por um acordo com a Rússia.
A prévia do Produto Interno Bruto (PIB), de acordo com o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), caiu 1,13% em agosto, na comparação a julho, na maior queda desde março de 2021. Por sua vez, o preço da gasolina voltou a subir após 15 semanas de queda. A alta se deu em 15 estados e no Distrito Federal, segundo pesquisa semanal da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP). Na última semana, o combustível foi vendido em média a R$ 4,86 por litro, com aumento de 1,4% em relação à semana anterior, quando estava em R$ 4,79.
A economista observa ainda que a melhora dos preços de alimentos no atacado a partir de abril ainda não foi completamente repassada pelos produtores aos consumidores finais. “O viés das nossas previsões é de baixa, sendo grande a chance de a inflação na alimentação nos domicílios terminar o ano mais perto de 12%”, diz Damico. Nos últimos doze meses, a inflação nesse grupo de produtos foi de 13,28%.